sábado, 28 de fevereiro de 2009

Satélite nosso que estás nos céus.‏ IV

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Ponto mais próximo e mais distante da Terra


Comparando-se a força gravitacional do planeta com a força centrífuga obtida pela velocidade, quanto mais distante ele voar menor será a velocidade exigida para que se mantenha em órbita. A velocidade a ser imprimida depende portanto da altura do vôo e não da massa do artefato.

Conclusão: os satélites que observamos mais rápidos estão mais baixos que os mais vagarosos. Ocorre que o tamanho e o brilho influem no nosso registro visual, daí em certas ocasiões julgarmos que um ponto de luz quase imperceptível e rápido está mais alto do que o outro mais brilhante e grande, quando na verdade dá-se o inverso. Alguns exemplos de órbitas circulares:


Altitude (+ ou -) Velocidade aproximada
220 km 7,8 km/seg.
1000 km 7,4 km/seg.
10.000 km 4,9 km/seg.



Outro engano que sempre ocorre nos meios ufológicos é o de que nenhum satélite pode voar em sentido contrário ao de rotação da Terra. Mas isso é possível. Nem todos os satélites seguem o sentido de trajetória leste para oeste. Para entendermos o porquê, devemos aproveitar e ver outros tipos de órbita: o plano orbital desses artefatos forma ângulos com o plano do equador.

Tais ângulos determinam a inclinação da órbita. Coincidindo ambos os planos (portanto de ângulo de inclinação zero), o satélite está traçando uma trajetória equatorial. Se o ângulo de inclinação é de 90º, está voando em trajetória polar, sobrevoando ambos os pólos terrestres.

Se certos satélites são disparados com trajetória de ângulo de inclinação superior a 90º, movem-se em sentido contrário à rotação da Terra. Vamos vê-los aparecendo a oeste e desaparecendo a leste. Isso se chama, em Astronáutica, trajetória retrógrada. Mais duas órbitas "exóticas" interessam ao ufólogo, pois o leigo não sabe o que ocorre.

Se pudéssemos notar visualmente um satélite situado a 35.800 km de altitude, o seu período orbital seria de 23 horas e 56 minutos, ou seja, a duração média de um dia, que é o período de rotação da Terra. Assim o satélite giraria na mesma velocidade em que a Terra gira sobre seu eixo, apenas mantendo-se em grau de latitude.

O observador, em solo, iria vê-lo descrevendo um oito no céu, tanto mais alongado quanto maior fosse seu plano de inclinação ao plano do equador, o oito ficaria reduzido a um ponto. Virtualmente o satélite será fixo, latitude e longitudinalmente. Sempre estará "parado" no mesmo ponto. É o conhecido satélite estacionário. E não é planeta, nem estrela ou sequer um UFO.


Movimento nos céus
À nossa vista, tudo lá em cima se move. O movimento aparente se dá devido à rotação da Terra e do trajeto que nosso planeta desenvolve no espaço, acompanhando o Sol ao redor dele. Além dos meteoros e bólidos, acabamos por nos acostumar à observação de tal modo que notamos nitidamente a rota que certo astro descreve desde que surge, sobretudo se tomamos outros como pontos de referência.

Já que falamos em rotas de satélites, devemos discutir rapidamente a base disso: a rotação da Terra. O movimento das estrelas, à noite, dito aparente, é notado de leste para oeste, dessa forma "retrógrado" ao de rotação do mundo. A rotação acontece de oeste para leste, sobre o próprio eixo.

Devido à rotação, o pólo celeste sempre se desloca relativamente às estrelas, ao contrário da invariabilidade das direções dos pontos cardeais no horizonte. Daí a posição dos astros no céu varia, mormente porque devemos levar em conta que o eixo da Terra se movimenta, o que podemos visualizar se imaginarmos que ele desenha, por sem movimento, um cone ondulado.

Esse eixo também se move relativamente ao próprio globo terrestre - daí as mudanças, no espaço, das posições dos pólos. Finalmente, a velocidade com a Terra varia irregularmente. Assim temos condições, para efeito de registro, de notar passagens de satélites de acordo com pontos cardeais e direção.

Uma boa sugestão é o procedimento que de há muito adotamos. Ao perceber a passagem de um satélite, o pesquisador deve anotar o horário e a trajetória. Facilita muito a comparação, se pudermos posicionar o artefato relativamente aos astros.

Desde o momento que surge, a direção em que segue (principalmente se passar por uma constelação que o leigo conhecer) e o momento e posição em que desapareceu. Podemos nos munir de cartas estelares fartamente encontráveis em quaisquer livrarias e na Internet.

Elas dão a posição dos astros dia a dia, por todo um ano. Demonstram-nos o movimento aparente deles, aqueles que são visíveis ou não, conforme períodos. Por vezes são acompanhadas de efemérides que nos interessam, como previsões de chuvas de meteoros.

Através delas conseguiremos traçar a rota de satélites, com base na posição dos astros e na direção das constelações. Evidente que não possuímos sempre às mãos os meios para anotar invariavelmente qual satélite foi visto e de prever a trajetória de todos eles.

Para os mais exigentes existem tabelas de posições dos satélites em seus giros orbitais, para os pilotos que utilizam o sistema de navegação por satélites. Se o ufólogo tiver condições e conhecimento para tal, tais tabelas são elaboráveis com antecedência, por previsão matemática.

Como se vê, nesses aspectos a coisa muito se complica. Afinal, as velocidades de satélites são significativas para que eles se desloquem consideravelmente em um milésimo de segundo. Se escolhermos por determinar a posição do satélite de maneira mais segura tecnicamente, vamos depender de alguns fatores, a posição é dada pelas estações de rastreamento, dependendo de técnicas de cálculo, dos níveis dos imprevisíveis efeitos que influem no comportamento do artefato, como desvio ocasionado pela fricção do ar (em caso dos que voam a baixa altitude) etc. Mas, dependendo das possibilidades de cada um, tudo se move no espaço.


Satélites, a todo instante?
Em boas condições de observação, ou seja, céu sem nuvens e sem Lua, sempre temos chance de testemunhar as trajetórias dos satélites, mas há uma espécie de limite de horário. E, esse sim, talvez seja o trunfo que nos sobre para, pelo menos com boa margem de probabilidade, sabemos se estamos ou não avistando um UFO.

Outro conceito astronômico vem nos oferecer a base de procedimento para a distinção que desejamos: ocorre um efeito provocado pela Terra e pelo Sol, quando um grande objeto é iluminado por outro grande objeto, então formam-se posteriormente ao corpo iluminado duas áreas, no espaço – o chamado cone de sombra, extensão que não recebe nenhuma luz da fonte.

É óbvio, a fonte de luz é o Sol (estrela de luz própria) e o corpo escuro iluminado é a Terra; e o conhecido cone de penumbra, que recebe pouca luz, apenas de alguns pontos da fonte luminosa. Consequentemente, na superfície da Terra que pertence à parte não iluminada, temos a região de sombra própria e na superfície cujos raios são fracos, pouco iluminada, temos a região de penumbra própria.

São essas duas regiões que os satélites penetram ao voar em torno da Terra. Ao penetrar no cone de penumbra, o artefato recebe pouca luz para refletir e o efeito no espaço, é como se fosse diminuindo a luminosidade, até se "apagar" em plena rota, quando passa para o sítio espacial totalmente desprovido de luz, o cone de sombra, a sombra total da Terra.

Durante a noite, vemos satélites mais ou menos brilhantes, dependendo do tamanho e altitude. Não seria necessário frisar que se são visíveis é porque refletem luz solar, mesmo à noite. Devido à órbita, estarão refletindo os raios do Sol nas primeiras horas da noite, pois que o observador estará na região de penumbra (superfície de imperceptível penetração da luz solar). À medida que o artefato se dirige para o cone de sombra, desaparece.


Já vimos que as direções de órbitas são variadas. Assim é que se a linha da rota não passar pelo cone de sombra, veremos o aparelho varar de um horizonte a outro. Se a linha de rota coincidir com a eclíptica, não notaremos o satélite. Em resumo, a observação do satélite só é possível em virtude do cone de penumbra, para nós que estivermos em certos horários situados na região de penumbra.

O maior brilho deve-se também à luz difundida na atmosfera da Terra, que incide sobre eles. Claro que esses fatores não limitariam nossa observação para objetos de enormes proporções, de grande poder de reflexão, que se situassem em órbitas extremamente elevadas.

Nessa hipótese consideraríamos os mesmos fenômenos que nos permitem observar a Lua independentemente da hora da noite. Porém os objetos que nos sobrevoam não são tão grandes. Melhor entendendo, vemos satélites de proporção considerável situados em órbitas de até mais ou menos
1.000 km de altitude e satélites pequenos, voando a mais ou menos 200 km.

Devemos sempre considerar nossa entrada na região de penumbra e na região de sombra quando cai a noite. Em horários de noite mais adentro, estaremos na região de sombra, e o cone de sombra no espaço impedirá a reflexão da luz solar pelo satélite e não o veremos, em virtude das baixas órbitas, que nos limitam de observá-los.

Óbvio, à medida que a região de penumbra se afasta de nós quando nossa posição adentra a de sombra, o ângulo do cone de penumbra se vai abrindo e a região do espaço que ele cobre é tanto mais fechada quanto mais próxima da superfície. Os objetos próximos (satélites) estão mais sujeitos a ser apanhados pela penumbra e pela sombra ao passo que os mais distantes ou não penetram em nenhum dos cones, refletindo luz durante boa parte da noite, ou mesmo que penetrem serão avistados até horários mais tardios (Lua, por exemplo).

Há dessa forma um limite de horário a partir do qual não veremos comumente satélites. A alternância do dia e da noite, portanto a duração de cada um - mais da noite, que nos interessa - é, em astronomia, medida de tempo solar. O dia verdadeiro é registrado a partir de meia-noite, zero-hora.

Tomemos para exemplo o período de verão, quando as noites são mais curtas: já notamos que na primavera e no verão o dia tem mais de
12 horas e a noite menos de 12
horas. No inverno e no outono dá-se o contrário. Durante os dias de verão, o Sol nasce muito cedo e se põe tarde.

Geralmente nasce por volta de
05h30 e põe-se mais ou menos às 18h30
. Lembrando-nos das considerações acerca das órbitas e tamanhos dos satélites observáveis, a partir do instante que nossa posição se transformar em região de penumbra, as estrelas aparecerão e o tempo ficará escuro; já poderemos esperar os satélites.

Durará cerca de duas horas e meia até que nos situemos em região de sombra. Daí por diante não mais veremos os satélites observáveis. Nos dias de primavera e verão, nossas possibilidades estender-se-ão até perto das
21h00. No inverno, durando a noite mais de 12 horas, o Sol nasce cerca de 06h30 e se põe por volta de 17h30. Com o mesmo raciocínio anterior, poderemos ver satélites até próximo das
20h00.

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