sábado, 28 de fevereiro de 2009

Satélite nosso que estás nos céus.‏

Satélites são confundidos com UFOs
em diversificadas situações


Um aspecto que há muito desperta o interesse dos ufólogos é a controvertida possibilidade de se observar satélites artificiais em certas horas e condições. Evidentemente para os peritos em Astronáutica e astronomia tal assunto não apresenta dificuldade.

No entanto, temos notado que com o advento cada vez maior da vontade dos pesquisadores em adquirir postura objetiva e científica, mormente perante depoimentos de testemunhas de alegados avistamentos ufológicos, o problema vem oferecendo alguma barreira, principalmente para fins de registro e análise.

Nos últimos eventos de que participamos fomos abordados por colegas desejosos de trocar idéias a respeito do tema. Isso nos inspirou a elaborar esta pequena contribuição. Baseamo-nos em noções elementares de astronomia e fomos buscar em compêndios de Astronáutica as informações que aqui passamos.

Muitos ufólogos já se depararam com depoimentos de pessoas, que viram um pequeno ponto de luz varando os céus em trajetória retilínea, sem os característicos movimentos de um UFO. Partindo da premissa de que tal objeto se manifestou fora da atmosfera, como temos certeza absoluta de que se tratava de um dos satélites artificiais que rodeiam nosso planeta?

De que forma poderemos considerar o número de dados para registrá-lo em termos de possibilidades, de que se tratava ou não de um UFO? É o que estudaremos. Durante o texto, o leitor encontrará alguns termos científicos usados em astronomia, pelo que sugerimos a consulta de um pequeno glossário ou boa fonte na Internet. Como o assunto é do direto interesse do pesquisador em Ufologia, recomendamos a leitura das obras especializadas, que dão destaque a satélites artificiais, para maior entendimento.
O que é uma vigília?
Certa ocasião, alguém ergueu o dedo num auditório e lançou a pergunta: "Afinal, qual a finalidade das tais vigílias?" A resposta é óbvia. Vigília é um período de tempo escolhido pelo pesquisador para, em determinado local, observar manifestações de características ufológicas, e colher dados que justifiquem um alegado índice anormal de aparições.

O ouvinte, desejoso de informações acadêmicas, retrucou logo: "Em suma, vocês são uma turma de loucos que vão para o mato caçar disco voador". Em princípio ele teria razão. Não se pode lançar mão da vigília com a única finalidade de avistar um UFO.

Ela tem utilidade bem ampla. Muitos depoimentos originam-se da confusão que o mal informado faz quando avista um fenômeno natural pouco comum e principalmente ao observar fenômenos artificiais de apresentação à primeira vista indefinível. É o caso de automóveis e tratores no alto de serras e, ao mais das vezes, dos satélites artificiais.

A vigília é oportunidade para se registrarem, além de outras, aparições de engenhos conhecidos e ocorrências naturais, que possam ser confundidos com UFOs. Método científico é o comparativo, checagem de informações precisas é importante e podemos concluir por uma coincidência de dados.

Comum observarmos o nascimento de um astro no horizonte, onde o espetáculo é notável em períodos de atmosfera carregada, que funcionando como lente, torna o brilho da estrela bastante ampliado. Munidos de uma carta estelar, sabemos que há tal hora e em tal posição, tendo como um ponto de referência algum acidente geográfico ou topográfico, uma estrela, "X", surgiu no céu observável.

A evidência do fenômeno pode impressionar um leigo, que julga ter sido testemunha de uma aparição ufológica.A má informação torna tão frágil a impressão do observador, que confusões assim são mais comuns do que se supõe. Temos registros de pessoas que juram ter visto discos voadores, que, no entanto, eram automóveis em estradas isoladas, invisíveis à noite.

De "contatados" que se comunicaram telepaticamente com tocos de árvores pegando fogo no pasto (como conta de maneira hilariante o pesquisador brasileiro Roberto Beck) e assim por diante. Ocorrências astronômicas são mais comuns em casos de confusão.

Nós mesmos, com nossa equipe, fomos vítimas da estrela Alfa da Constelação do Centauro, quando o fator emocional nos jogou num verdadeiro e constrangedor frenesi, diante da possibilidade de estarmos enxergando um enorme UFO, que ao telescópio apresentava-se como duas bolas unidas.

Diga-se de passagem que a famigerada explicação dada pela Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) a avistamentos de UFOs, como se fossem observações do planeta Vênus, à época do Projeto Livro Azul, não era tão desrespeitosa. Vênus já fez congestionar nossos telefones por inúmeras vezes.

Os trabalhos na vigília não se restringem a observação noturna. O dia deve ser utilizado para colherem-se dados de eventuais observações da noite anterior, perante pessoas da cidade e do meio rural circundante. Pelo método comparativo, a observação de um suposto UFO no mesmo sítio do espaço, na mesma hora e de idênticas características visuais ao nascimento do nosso astro "X", cai diante da probabilidade de se ter observado o tal astro, que é praticamente de 100%.

Satélite nosso que estás nos céus.‏ II

Planeta Vênus, velho conhecido dos ufólogos
e causador de diversos equívocos em leigos



Satélite, constante intruso
Durante uma vigília, qualquer coisa que se mova no espaço paralisará nossos nervos. A parte aviões, que ao lado de fenômenos naturais devem ser objeto de outro estudo, vamos nos ater aos satélites artificiais. De pronto o caro leitor se pergunta se há uma maneira segura de se afirmar se um ponto de luz em movimento a grande altitude não se trata de um UFO.

É claro que não. Mas a finalidade deste trabalho é descobrir a fórmula de um processo eliminatório, portanto específico aos horários e condições prováveis de observação de satélites. Sou compelido a tecer um comentário importante: sempre que um fato ufológico movimenta a imprensa, a tendência é solicitar o parecer de um astrônomo.

Nada mais certo à primeira vista, levando-se em conta a possibilidade de ter ocorrido a confusão com um evento astronômico. Mas não se justifica ao extremo. Foi exatamente um astrônomo quem nos chamou a atenção para isso. O incidente UFO é acontecimento de baixa altitude, estatisticamente falando.

O astrônomo quase sempre observa um sítio certo do espaço, tendo o seu telescópio regulado num campo restrito, com o foco direcionado para distâncias imensas fora da atmosfera. Caso um objeto cruze a frente de seu telescópio, o que já seria rara coincidência, provavelmente o estudioso sequer o notaria, em virtude da distância focal.

Ademais não vemos outros fatores que justifiquem ao astrônomo opinar sobre UFOs, somente porque se tratam de eventos cuja característica é o vôo. Enfim, os acontecimentos elementares de astronomia são necessários ao ufólogo. A recíproca talvez não seja imprescindível. Vulgarmente os satélites, em termos visuais, são pontos de diversas intensidades de brilho cruzando o espaço em linhas características conhecidas dos aviões, entre elas as do vôo por instrumentos.

Podemos acompanhar a trajetória de satélites de variados tamanhos e brilhos. Esses silenciosos caminhantes espaciais tomaram conta do céu a partir de 04 de outubro de
1957
, quando o Sputnik abriu a leva de engenhos artificiais colocados em órbitas da Terra.

Um cálculo nada exagerado afirma que em média coloca-se um satélite em órbita por semana. Diversos países têm tecnologia propícia à farta utilização de satélites artificiais, como EUA, França, Holanda, Canadá, Itália, China etc. Suas destinações, além de bélicas, são inúmeras, por canais que substituem, mais propriamente, todos os cabos submarinos, meteorologia, com destaque à previsão do tempo via TV, avisos sobre furacões e tempestades, cartografia, informações sobre colheitas e pragas, distribuição de águas de superfície, indicação de poluição de água e ar, navegação, medições astronômicas e outras infindáveis pesquisas de astronomia, mormente após a colocação de telescópios infravermelhos fora da atmosfera, além da internet.

São tantos os satélites, parte deles visível a olho nu, que alguns acordos aéreos entre potências foram firmados com o lançamento de satélites de controle do tráfego aéreo para regularizar a segurança nos ares. Que nenhum ufólogo se assuste quando observar, o que não é raro, vários satélites cruzando os céus simultaneamente na mesma trajetória, como verdadeira esquadrilha.

Satélite nosso que estás nos céus.‏ III

Vigília ufológica:
prática relevante na pesquisa de campo


Intrusos e de estranho comportamento, os satélites surgem de surpresa, logo após o horizonte ou manifestam-se de repente em pleno céu, quase no zênite. Outra característica de sua invasão da abóbada celeste é a impressão que dão de, aos poucos, irem diminuindo sua luminosidade, como se "apagassem sua luz", até desaparecerem em pleno espaço.

Diante de tais casos, espantamo-nos porque juramos que nenhuma nuvem, por tênue que fosse, pudesse ali estar para escondê-los. Os satélites se cruzam à nossa vista, em rotas perpendiculares e oblíquas entre si. Como sabemos, boa parte não é eternamente aproveitável.

Apesar do muito espaço que existe à órbita do planeta, o número de objetos e artefatos artificiais é tão grande que o perigo de colisão existe. Basta lembrarmos que os acidentes de avião seriam ilógicos se considerássemos a vastidão do espaço aéreo. No entanto ocorrem.

Outro exemplo é a imensidão dos oceanos, onde independentemente disso acontecem amiúde colisões entre embarcações. Dezenas de explosões no espaço, sem dúvidas atribuíveis a choques entre satélites, foram e são detectadas. Algumas não são meramente acidentais, mas programadas, provocadas por satélites destinados à destruição de outros espiões.

É a "guerra nas estrelas", hoje tão comentada. Toda uma festa no céu só tende a esquentar, considerando-se as inúmeras utilidades da ocupação espacial. Se nós ufólogos acharmos que a tendência é tornar-se mais fácil o trabalho para analisarmos avistamentos de UFOs, enganamo-nos.

A cada dia que passa mais e mais fatores estarão complicando nossos céus, provocando confusões e enganos. Parte dos corpos que circulam ao redor do mundo são meros calhaus espaciais, como peças de equipamento e destroços de corpos arrebentados.

Algumas das explosões registradas são perfeitamente identificáveis, pois é público que a Rússia propositalmente costuma destruir seus próprios aparelhos, como fez com algumas estações da série Salyut, que eram equipadas com instrumental útil. Outras explosões só podem ser atribuídas a choques entre satélites, pois que, por exemplo, grande parte deles descreve órbita relativa à região polar, para não sofrerem tanto a ação de correntes magnéticas e do cinturão de Van Allen.

Certos corpos mais importantes, pelo custo e destinação, que explodiram, tiveram sua destruição mais notável, como o Skylab, o Cosmos
1402, o Cosmos 1275, o Explorer 36, o Cosmos 954
e o Pageus. Quando não são estilhaçados por colisão ou destruição provocada, sofrem avarias e, perdendo força, não conseguindo manter-se em órbita, precipitam-se na atmosfera, partindo-se na reentrada em dezenas de pedaços.

Este é outro fenômeno que pode surpreender numa noite escura e estrelada, causando confusão com UFOs. Após bater na massa de ar, o satélite perde velocidade e se fragmenta, bombardeando o solo. Se alguém teve oportunidade de testemunhar a reentrada da atmosfera de um aparelho como o Cosmo
1402, deve ter observado um espetáculo digno de registro, pois ele tinha 14 m de comprimento. Usava um reator nuclear de propulsão, abastecido com carga de 45 kg de urânio.




Órbitas e observações
Em termos vulgares, velocidade angular é a relativa ao ponto de observação. Os satélites de órbitas próximas (cerca de
200 km de altitude) apresentam a mesma velocidade angular de um avião voando a grande altitude. Nesses casos fica mais difícil distinguir um do outro, mas muito raramente não conseguiremos notar a luz piscante do avião, mormente se estivermos munidos de um modesto binóculo.

Aqui uma sugestão é cabível: sempre que acompanharmos a trajetória de um ponto de luz, procuremos observar a sua passagem no espaço zênite ou à nossa frente. Em se tratando de avião, seguramente notaremos sua luz característica. Os intervalos entre as piscadas são quase regulares.

Não confundir, entretanto, com uma nítida variação de brilho nos satélites, que pode ser registrada. Certos artefatos oscilam sua luminosidade, principalmente quando são alongados e giram em torno do próprio eixo. Porém o problema de órbita é a chave do nosso estudo.

Inicialmente, a velocidade de vôo de um satélite para a órbita é impressa de modo que a força centrífuga seja exatamente igual à força gravitacional (atração) do planeta. Se por acaso um corpo fosse colocado a pouca altura de vôo, conseguiria dar a volta ao mundo em uma hora,
24 minutos e 25 segundos a uma velocidade de 7,91 km /segundo, mas na prática não completaria sua volta em virtude da resistência do ar. Para que um satélite complete uma volta ao redor do mundo, deve ser colocado em órbita de no mínimo 160 km de altitude, a partir do que a resistência do ar torna-se cada vez menos forte até que a última camada da atmosfera seja ultrapassada.



Dependendo da área de superfície a ser coberta, os satélites são colocados estrategicamente em altitude e rota predeterminadas. Tais rotas podem ser modificadas se os artefatos contarem com um foguete próprio que os impulsione para a direção da órbita desejada.

O primeiro ponto a ser levado em conta, de maiores possibilidades de observação, é que os habitantes de regiões limítrofes ao equador são mais privilegiados. Isso porque, existindo em maior número e voando a altitudes mais baixas, portanto sendo mais brilhantes, os satélites de comunicação são postos numa órbita sobre o equador.

Nesses casos a órbita descrita é quase sempre arredondada, observando-se que o aparelho é de relativa baixa altitude. Fácil, pois situados em um ponto fixo de período de observação constante, podemos sempre a mesma hora da noite registrar a passagem de um satélite, num mesmo sítio.

Quase nunca veremos satélites antes do pôr-do-Sol, já que nossa estrela faz incidir seus raios à nossa vista, causando o azulado e a clareza do céu diurno, cortando as condições de observação do espaço, tornando a atmosfera opaca. Lembramos, no entanto, que as noites são mais curtas no hemisfério sul, no início do verão,
21 de dezembro. A partir de 20 de março, os dias e as noites têm igual duração. As noites são mais longas que os dias a partir de 21 de junho. Assim é no Brasil, estando nós no chamado solstício.



Os raios solares não atingem o pólo sul e é sempre dia no pólo norte. Daí a razão da longevidade das noites em países como o Brasil, situados na banda sul do globo. A duração do dia e da noite torna a ser idêntica em 22 de setembro quando o sol volta a atingir o equador.

É o equinócio e o início da primavera no hemisfério sul. Quanto à duração do dia e da noite, as considerações acima foram descritas apenas para escolha de épocas mais propícias à vigília. Ora, dia por dia, devemos observar cálculos astronômicos, que aqui não são cabíveis.

O fato é que poderemos ver mais satélites nos dias de noites mais longas. Em resumo e empiricamente: no verão, o dia tem mais de 12 horas e a noite menos de 12 horas. No inverno, o dia tem menos de 12 horas e a noite dura mais que 12 horas. Voltando ao problema das órbitas, outros satélites não as descrevem circulares, mas alongadas, elipsoidais, dependendo da velocidade de impulso.

À medida que essa velocidade difere quando do lançamento, a órbita pode ser mais ou menos alongada. Nessa situação, até um limite de velocidade para que não ocorra o escape, em períodos constantes do mês o satélite será mais visível em uma região fixa, menos visível em outras - à medida que a elipse abre - e invisível nas demais.

Podemos imaginar melhor, considerando a figura abaixo, quando em A temos o perigeu (ponto mais baixo, próximo da Terra) e em B o apogeu (ponto mais alto ou distante da Terra). Visualmente notamos por vezes nítida diferença de velocidade aparente (ou angular) dos satélites.

Satélite nosso que estás nos céus.‏ IV

CLIQUE NA IMAGEM
PARA VÊ-LA MAIOR
Ponto mais próximo e mais distante da Terra


Comparando-se a força gravitacional do planeta com a força centrífuga obtida pela velocidade, quanto mais distante ele voar menor será a velocidade exigida para que se mantenha em órbita. A velocidade a ser imprimida depende portanto da altura do vôo e não da massa do artefato.

Conclusão: os satélites que observamos mais rápidos estão mais baixos que os mais vagarosos. Ocorre que o tamanho e o brilho influem no nosso registro visual, daí em certas ocasiões julgarmos que um ponto de luz quase imperceptível e rápido está mais alto do que o outro mais brilhante e grande, quando na verdade dá-se o inverso. Alguns exemplos de órbitas circulares:


Altitude (+ ou -) Velocidade aproximada
220 km 7,8 km/seg.
1000 km 7,4 km/seg.
10.000 km 4,9 km/seg.



Outro engano que sempre ocorre nos meios ufológicos é o de que nenhum satélite pode voar em sentido contrário ao de rotação da Terra. Mas isso é possível. Nem todos os satélites seguem o sentido de trajetória leste para oeste. Para entendermos o porquê, devemos aproveitar e ver outros tipos de órbita: o plano orbital desses artefatos forma ângulos com o plano do equador.

Tais ângulos determinam a inclinação da órbita. Coincidindo ambos os planos (portanto de ângulo de inclinação zero), o satélite está traçando uma trajetória equatorial. Se o ângulo de inclinação é de 90º, está voando em trajetória polar, sobrevoando ambos os pólos terrestres.

Se certos satélites são disparados com trajetória de ângulo de inclinação superior a 90º, movem-se em sentido contrário à rotação da Terra. Vamos vê-los aparecendo a oeste e desaparecendo a leste. Isso se chama, em Astronáutica, trajetória retrógrada. Mais duas órbitas "exóticas" interessam ao ufólogo, pois o leigo não sabe o que ocorre.

Se pudéssemos notar visualmente um satélite situado a 35.800 km de altitude, o seu período orbital seria de 23 horas e 56 minutos, ou seja, a duração média de um dia, que é o período de rotação da Terra. Assim o satélite giraria na mesma velocidade em que a Terra gira sobre seu eixo, apenas mantendo-se em grau de latitude.

O observador, em solo, iria vê-lo descrevendo um oito no céu, tanto mais alongado quanto maior fosse seu plano de inclinação ao plano do equador, o oito ficaria reduzido a um ponto. Virtualmente o satélite será fixo, latitude e longitudinalmente. Sempre estará "parado" no mesmo ponto. É o conhecido satélite estacionário. E não é planeta, nem estrela ou sequer um UFO.


Movimento nos céus
À nossa vista, tudo lá em cima se move. O movimento aparente se dá devido à rotação da Terra e do trajeto que nosso planeta desenvolve no espaço, acompanhando o Sol ao redor dele. Além dos meteoros e bólidos, acabamos por nos acostumar à observação de tal modo que notamos nitidamente a rota que certo astro descreve desde que surge, sobretudo se tomamos outros como pontos de referência.

Já que falamos em rotas de satélites, devemos discutir rapidamente a base disso: a rotação da Terra. O movimento das estrelas, à noite, dito aparente, é notado de leste para oeste, dessa forma "retrógrado" ao de rotação do mundo. A rotação acontece de oeste para leste, sobre o próprio eixo.

Devido à rotação, o pólo celeste sempre se desloca relativamente às estrelas, ao contrário da invariabilidade das direções dos pontos cardeais no horizonte. Daí a posição dos astros no céu varia, mormente porque devemos levar em conta que o eixo da Terra se movimenta, o que podemos visualizar se imaginarmos que ele desenha, por sem movimento, um cone ondulado.

Esse eixo também se move relativamente ao próprio globo terrestre - daí as mudanças, no espaço, das posições dos pólos. Finalmente, a velocidade com a Terra varia irregularmente. Assim temos condições, para efeito de registro, de notar passagens de satélites de acordo com pontos cardeais e direção.

Uma boa sugestão é o procedimento que de há muito adotamos. Ao perceber a passagem de um satélite, o pesquisador deve anotar o horário e a trajetória. Facilita muito a comparação, se pudermos posicionar o artefato relativamente aos astros.

Desde o momento que surge, a direção em que segue (principalmente se passar por uma constelação que o leigo conhecer) e o momento e posição em que desapareceu. Podemos nos munir de cartas estelares fartamente encontráveis em quaisquer livrarias e na Internet.

Elas dão a posição dos astros dia a dia, por todo um ano. Demonstram-nos o movimento aparente deles, aqueles que são visíveis ou não, conforme períodos. Por vezes são acompanhadas de efemérides que nos interessam, como previsões de chuvas de meteoros.

Através delas conseguiremos traçar a rota de satélites, com base na posição dos astros e na direção das constelações. Evidente que não possuímos sempre às mãos os meios para anotar invariavelmente qual satélite foi visto e de prever a trajetória de todos eles.

Para os mais exigentes existem tabelas de posições dos satélites em seus giros orbitais, para os pilotos que utilizam o sistema de navegação por satélites. Se o ufólogo tiver condições e conhecimento para tal, tais tabelas são elaboráveis com antecedência, por previsão matemática.

Como se vê, nesses aspectos a coisa muito se complica. Afinal, as velocidades de satélites são significativas para que eles se desloquem consideravelmente em um milésimo de segundo. Se escolhermos por determinar a posição do satélite de maneira mais segura tecnicamente, vamos depender de alguns fatores, a posição é dada pelas estações de rastreamento, dependendo de técnicas de cálculo, dos níveis dos imprevisíveis efeitos que influem no comportamento do artefato, como desvio ocasionado pela fricção do ar (em caso dos que voam a baixa altitude) etc. Mas, dependendo das possibilidades de cada um, tudo se move no espaço.


Satélites, a todo instante?
Em boas condições de observação, ou seja, céu sem nuvens e sem Lua, sempre temos chance de testemunhar as trajetórias dos satélites, mas há uma espécie de limite de horário. E, esse sim, talvez seja o trunfo que nos sobre para, pelo menos com boa margem de probabilidade, sabemos se estamos ou não avistando um UFO.

Outro conceito astronômico vem nos oferecer a base de procedimento para a distinção que desejamos: ocorre um efeito provocado pela Terra e pelo Sol, quando um grande objeto é iluminado por outro grande objeto, então formam-se posteriormente ao corpo iluminado duas áreas, no espaço – o chamado cone de sombra, extensão que não recebe nenhuma luz da fonte.

É óbvio, a fonte de luz é o Sol (estrela de luz própria) e o corpo escuro iluminado é a Terra; e o conhecido cone de penumbra, que recebe pouca luz, apenas de alguns pontos da fonte luminosa. Consequentemente, na superfície da Terra que pertence à parte não iluminada, temos a região de sombra própria e na superfície cujos raios são fracos, pouco iluminada, temos a região de penumbra própria.

São essas duas regiões que os satélites penetram ao voar em torno da Terra. Ao penetrar no cone de penumbra, o artefato recebe pouca luz para refletir e o efeito no espaço, é como se fosse diminuindo a luminosidade, até se "apagar" em plena rota, quando passa para o sítio espacial totalmente desprovido de luz, o cone de sombra, a sombra total da Terra.

Durante a noite, vemos satélites mais ou menos brilhantes, dependendo do tamanho e altitude. Não seria necessário frisar que se são visíveis é porque refletem luz solar, mesmo à noite. Devido à órbita, estarão refletindo os raios do Sol nas primeiras horas da noite, pois que o observador estará na região de penumbra (superfície de imperceptível penetração da luz solar). À medida que o artefato se dirige para o cone de sombra, desaparece.


Já vimos que as direções de órbitas são variadas. Assim é que se a linha da rota não passar pelo cone de sombra, veremos o aparelho varar de um horizonte a outro. Se a linha de rota coincidir com a eclíptica, não notaremos o satélite. Em resumo, a observação do satélite só é possível em virtude do cone de penumbra, para nós que estivermos em certos horários situados na região de penumbra.

O maior brilho deve-se também à luz difundida na atmosfera da Terra, que incide sobre eles. Claro que esses fatores não limitariam nossa observação para objetos de enormes proporções, de grande poder de reflexão, que se situassem em órbitas extremamente elevadas.

Nessa hipótese consideraríamos os mesmos fenômenos que nos permitem observar a Lua independentemente da hora da noite. Porém os objetos que nos sobrevoam não são tão grandes. Melhor entendendo, vemos satélites de proporção considerável situados em órbitas de até mais ou menos
1.000 km de altitude e satélites pequenos, voando a mais ou menos 200 km.

Devemos sempre considerar nossa entrada na região de penumbra e na região de sombra quando cai a noite. Em horários de noite mais adentro, estaremos na região de sombra, e o cone de sombra no espaço impedirá a reflexão da luz solar pelo satélite e não o veremos, em virtude das baixas órbitas, que nos limitam de observá-los.

Óbvio, à medida que a região de penumbra se afasta de nós quando nossa posição adentra a de sombra, o ângulo do cone de penumbra se vai abrindo e a região do espaço que ele cobre é tanto mais fechada quanto mais próxima da superfície. Os objetos próximos (satélites) estão mais sujeitos a ser apanhados pela penumbra e pela sombra ao passo que os mais distantes ou não penetram em nenhum dos cones, refletindo luz durante boa parte da noite, ou mesmo que penetrem serão avistados até horários mais tardios (Lua, por exemplo).

Há dessa forma um limite de horário a partir do qual não veremos comumente satélites. A alternância do dia e da noite, portanto a duração de cada um - mais da noite, que nos interessa - é, em astronomia, medida de tempo solar. O dia verdadeiro é registrado a partir de meia-noite, zero-hora.

Tomemos para exemplo o período de verão, quando as noites são mais curtas: já notamos que na primavera e no verão o dia tem mais de
12 horas e a noite menos de 12
horas. No inverno e no outono dá-se o contrário. Durante os dias de verão, o Sol nasce muito cedo e se põe tarde.

Geralmente nasce por volta de
05h30 e põe-se mais ou menos às 18h30
. Lembrando-nos das considerações acerca das órbitas e tamanhos dos satélites observáveis, a partir do instante que nossa posição se transformar em região de penumbra, as estrelas aparecerão e o tempo ficará escuro; já poderemos esperar os satélites.

Durará cerca de duas horas e meia até que nos situemos em região de sombra. Daí por diante não mais veremos os satélites observáveis. Nos dias de primavera e verão, nossas possibilidades estender-se-ão até perto das
21h00. No inverno, durando a noite mais de 12 horas, o Sol nasce cerca de 06h30 e se põe por volta de 17h30. Com o mesmo raciocínio anterior, poderemos ver satélites até próximo das
20h00.

Satélite nosso que estás nos céus.‏ V

Reflexo de um satélite Iridium (E).
Imagem de UFO flagrado em vigília


Informações complementares

Para aqueles que costumam permanecer de vigília até que o Sol volte a raiar, é bom lembrar que o dia começa à meia-noite, zero-hora. Tudo volta a pesar com a mesma média de tempo antes do Sol nascer, quando voltaremos a vislumbrar satélites até que a claridade volte a ofuscar o espaço.


O fato é que os satélites são eclipsados, e dependendo da altitude, capacidade de reflexão, órbita e tamanho, sofrem os mesmos efeitos visuais dos astros. Referimo-nos, por exemplo, à Lua. Os eclipses lunares nos dão maior clareza de entendimento, pois a Lua está sujeita à incidência dos cones.

Caso a órbita da Lua corresse no mesmo plano da Terra haveria eclipses amiúde. Ocorre que a Lua e a Terra têm suas órbitas em planos inclinados, daí mesmo em conjunção (mesmo plano em linha reta entre a Terra e o Sol) passa pouco abaixo ou pouco acima do Sol.

Identicamente, quando a Lua está em posição, não entra no cone de sombra, mas passa abaixo ou acima dele, sendo sempre visível sem escurecer. Aos que não entenderam o porquê de não vermos satélites quando eles mergulham no cone de sombra, devemos informar que, durante os eclipses, a Lua pode levar até duas horas para sair do mesmo cone, cujo diâmetro lhe é bem superior. Outra dúvida restaria ao tratarmos dos tipos de órbitas desenvolvidas por satélites.


Não nos referimos às órbitas sincrônicas com o Sol. Tais trajetórias, estabelecidas com o máximo de precisão exigida, evitam que o artefato entre no cone de sombra. Ele sempre estará iluminado pelo Sol, mas a nossa posição geográfica, quando se tornar região de sombra, já estará longe do aparelho e não o veremos em virtude da distância, ou seja, o seu brilho não chegará até nós.

Os satélites mais visíveis, em virtude do seu poder de reflexão, são os construídos com uma espécie de plástico metalizado, semelhante ao dos balões de estratosfera. São infláveis e têm quase a mesma função de balões científicos de estudo atmosférico a altitudes elevadas.

Alguns bem famosos assustaram muita gente à noite, como os da série Echo, de dimensões incríveis, com cerca de
40 m de diâmetro. Ao lado da série Telstar se constituíram bons pontos de observação visual, apesar de relativamente pequenos. Não podemos deixar de citar, igualmente, os satélites Iridium, em órbita a 800 km de altitude, que se apresentam como uma luz que surge no espaço, ficando cada vez mais intensa enquanto se move lentamente, até que supera o brilho de todas as outras estrelas do céu.

É surpreendente e confunde muito com um UFO genuíno, mas tudo se desfaz na mesma velocidade com que surgiu, em alguns segundos. Trata-se de uma antena que reflete a luz do Sol direto para a Terra, criando um foco de luz com 10 km de diâmetro.


Iridium, satélite de reflexos solares surpreendentes


Crédito da foto: Paulo Anibal e arquivo UFO
http://www.ufo.com.br/index.php?arquivo=notComp.php&id=4130




Resolvido mistério sobre sumiço de asteróides em cinturão‏.

O Cinturão Principal de Asteróides do Sistema Solar
se localiza entre Marte e Júpiter


EFE

Cientistas conseguiram resolver o mistério do desaparecimento de asteróides do Cinturão Principal do Sistema Solar - zona espacial com forma semelhante a um anel, situada entre Marte e Júpiter -, segundo um estudo divulgado nesta quarta-feira na revista científica britânica Nature.

De acordo com pesquisadores da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, a migração de Júpiter e Saturno para as órbitas conhecidas atualmente, algo que durou cerca de quatro milhões de anos, é a culpada por determinadas zonas do cinturão de asteróides carecer destes corpos cósmicos. As informações são do diário mexicano El Informador.

O anel que dá forma ao cinturão - sem composição uniforme - possui zonas determinadas em que a densidade dos asteróides é muito menor, conhecida como buracos de Kirkwood. Estas aberturas são instáveis e sofrem grande influência gravitacional de Júpiter. Por outro lado, o efeito faz com que Saturno seja o responsável por expulsar os asteróides, explicou a pesquisa.

Os especialistas acreditam que os buracos estejam relacionados com ressonâncias orbitais desses planetas gigantes. Perdidos nessas localizações, os asteróides acabam ficando com órbitas caóticas e saindo do cinturão. No entanto, outros buracos semelhantes no cinturão são estáveis e o asteróides não seguem o mesmo caminho dos "fujões".

Por muito tempo, os cientistas tentaram explicar essas diferenças sem êxito. Para o estudo americano, a baixa densidade dos locais estáveis é o resultado da migração de Júpiter e Saturno para as órbitas conhecidas atualmente. A mudança gravitacional dos planetas provocou pontos de instabilidade no cinturão.
http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI3599010-EI238,00-Resolvido+misterio+sobre+sumico+de+asteroides+em+cinturao.html

NASA divulga imagens de crateras e nevoeiro em Marte

Missão espacial Dawn fotografou imagens de crateras
cercadas de névoa na superfície de Marte. NASA/Divulgação
Redação Terra
Formações rochosas em forma de crateras na superfície de Marte foram detectadas pelo pelas câmeras da missão Dawn, aparato que integra a missão de exploração espacial homônima, informou nesta quinta-feira a Agência Espacial Americana (NASA), que divulgou as imagens.

As imagens de infravermelho foram feitas do ponto de maior aproximação da nave com aquele planeta e mostram uma série de crateras na região noroeste de Marte (com relação à posição da Terra). Na imagem, a escarpa do planalto marciano aparece iluminada pela luz do amanhecer com vestígios de nevoeiro na parte inferior. A área coberta pelo registro a imagem tem cerca de
55 km (34
milhas) de diâmetro.

Gerida pela NASA, a missão Dawn foi construída pelo Instituto Max Planck para a Investigação do Sistema Solar, da Alemanha, em parceria com o Centro Aeroespacial Alemão.

http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI3600286-EI238,00-Nasa+divulga+imagens+de+crateras+e+nevoeiro+em+Marte.html

Ruído misterioso no Cosmos

Ilustração de como seriam as primeiras estrelas do Universo:
possível fonte de novo ruído





Experimento da Nasa e do Inpe capta um forte sinal de micro-ondas de origem inexplicado no Universo.
Marcos Pivetta

Pesquisa FAPESP - Descoberta por acaso em 1965 pelos astrônomos Arno Penzias e Robert Wilson quando trabalhavam na unidade de Holmdel dos Bell Labs, nos Estados Unidos, a radiação cósmica de fundo é hoje considerada a melhor evidência de que há 13,7 bilhões de anos houve o Big Bang, a explosão primordial que teria originado o Universo.

A evolução das pesquisas em cosmologia praticamente comprovou que esse fraco sinal de micro-ondas, emitido cerca de 400 mil anos depois do Big Bang, é uma espécie de eco perene do colossal evento que deu origem a toda matéria e energia existentes – e rendeu à dupla de pesquisadores o Prêmio Nobel de Física em
1978. No início de 2009, justamente o Ano Internacional da Astronomia (ver reportagem na página 36), uma equipe de cientistas da agência espacial norte-americana, a Nasa, e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de São José dos Campos, registrou, também acidentalmente, um novo e forte ruído cósmico. A origem do sinal, no entanto, é um completo enigma para o grupo de cientistas, que também inclui colegas das universidades de Maryland e da Califórnia, em Santa Bárbara.
O misterioso ruído de fundo apresenta uma intensidade seis vezes maior do que os pesquisadores esperavam medir na porção do céu esquadrinhada em 22 de julho de 2006 por um sofisticado instrumento embarcado num balão de alta altitude, o projeto Arcade, sigla que em inglês significa radiômetro absoluto para cosmologia, astrofísica e emissão difusa.

A missão original do experimento era flagrar os tênues resquícios da radiação – leia-se calor – gerada pelas primeiras estrelas que se formaram no Universo, na chamada idade das trevas cósmicas, ao menos 100 milhões de anos após o Big Bang. Em vez disso, o vôo do Arcade sobre a cidade texana de Palestine registrou um forte e inesperado sinal, vindo de uma época desconhecida da história do Universo.

Ruído misterioso no Cosmos- II

Desenho do Arcade:
vôo resfriado no hélio líquido.




A divulgação do provável achado ocorreu no início de janeiro durante a reunião anual da Sociedade Americana de Astronomia (AAS), em Long Beach, Califórnia. Embora ainda não tenha publicado oficialmente nenhum artigo científico sobre a suposta descoberta, tendo até agora redigido quatro papers e os submetido ao The Astrophysical Journal, a equipe de Al Kogut, da Nasa, o principal pesquisador à frente do projeto, foi um dos destaques do encontro científico.

“O Universo nos pregou uma peça”, afirma Kogut, ainda sem compreender a natureza do ruído encontrado. Segundo os brasileiros, os melhores registros do intrigante sinal foram captados pelos três pares de antenas na forma de corneta desenvolvidas para o Arcade pelo Inpe, que operam em
3 e 7 giga--hertz, em baixas frequencias de micro-ondas.

O maior desafio de experimentos destinados a medir a radiação produzida no espaço profundo é obter um registro realmente limpo, livre das interferências que comumente contaminam esse tipo de trabalho. O projeto da Nasa, com a colaboração do Inpe, foi concebido para minimizar ao extremo esse erro sistemático, dizem os pesquisadores.

Para que esse intuito fosse alcançado, os instrumentos do Arcade – sete radiômetros que operam em frequencias de micro-ondas entre
3 e 90 giga-hertz – tiveram de ser resfriados com 1.800 litros de hélio líquido à mesma temperatura da radiação cósmica de fundo, cerca de 2,725 graus Kelvin (mais ou menos -270°C), muito próximo do zero absoluto.

Dessa forma, o calor gerado pelo próprio instrumento de observação foi anulado, evitando um dos mais comuns desvios de medição. Durante as duas horas e meia em que o Arcade fez medições em
7% do céu visível, cruzando para cima e para baixo o plano da Via Láctea (a uma altitude máxima de 37 quilômetros), suas antenas trabalharam mergulhadas nesse gélido ambiente. “O Arcade foi projetado para medir variações de temperaturas de 0,001 K”, comenta Villela. “Nunca um instrumento de rádio teve essa sensibilidade".


O anúncio da descoberta de um possível segundo tipo de radiação de fundo agitou os astrofísicos especializados nesse tema e os estudiosos dos primórdios do Universo. O que poderia originar um sinal de rádio dessa magnitude? A equipe do Arcade evitou fazer especulações sobre a fonte do ruído, mas considera que sua gênese é extragaláctica, de fora da Via Láctea.

Não está descartada a hipótese de que o novo ruído cósmico seja originário das primeiras estrelas que surgiram no Universo, as chamadas estrelas de população III, surgidas algumas centenas de milhões de anos depois do Big Bang, embora não haja evidências significativas nesse sentido. Os pesquisadores acreditam que o sinal não é originário de um ponto específico do espaço, mas deve permear todas as direções do Universo, como ocorre com a radiação cósmica de fundo.

Entretanto, essa hipótese ainda não foi testada. No momento, os maiores esforços dos pesquisadores parecem se concentrar em provar que seus dados são verdadeiros e dar algum sentido a eles. “Vamos conversar com teóricos para ver se algum fenômeno diferente pode ter acontecido no Universo quando o sinal foi detectado”, comenta Wuensche. Ainda não está marcado um novo vôo do Arcade para averiguar se o sinal pode ser medido novamente na mesma região em que foi realizado o experimento de
2006 ou em outra parte do céu.

Ruído misterioso no Cosmos- III

NASA/Arcade.
Área colorida: os 7% do céu observado no estudo



Interferências - Sem questionar a veracidade dos resultados gerados pelo Arcade, alguns astrofísicos preferem esperar o surgimento de mais evidências de que o desconhecido sinal de fundo captado é mesmo real, e não resultado de um erro de medição ou de interpretação.

“Eles parecem ter sido muito cuidadosos em seu trabalho e os resultados apresentados são fantásticos”, opina a astrofísica brasileira Angélica de Oliveira Costa, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), estudiosa da radiação cósmica de fundo. “Mas existe sempre a possibilidade de erro e essa questão ainda está em aberto.”

Ela acredita que será necessário aguardar a confirmação da existência do novo ruído por mais cientistas, que também deverão ser capazes de flagrá-lo com o emprego de outras técnicas e modelos de emissão de radiação. Segundo Angélica, não existe um bom mapeamento da emissão das galáxias nas baixas frequências de micro-ondas em que o sinal foi detectado, dificuldade que pode induzir a equívocos. “Particularmente, acho que o sinal existe”, comenta a astrofísica. “A questão é saber se ele é tão forte quanto foi detectado ou até dez vezes menor.”

Quando registraram pela primeira vez, há mais de 40 anos, o sinal que se mostrou ser a radiação cósmica de fundo, Penzias e Wilson não sabiam se o fraco ruído que tinham medido era real. Chegaram até a achar que a estática era uma distorção causada por fezes de pássaros que se acumularam na antena de rádio usada no experimento ou uma interferência provocada por alguma fonte terrestre.

Já havia desde o final da década de
1940
teorias prevendo a existência da radiação cósmica de fundo e os trabalhos da dupla nos Bell Labs acabaram sendo a sua prova material. No caso do novo sinal registrado, ainda é muito cedo para saber como a história vai terminar.

“Estamos revendo trabalhos antigos em busca de registros desse ruído que possam ter passado despercebidos”, diz Villela. “Há mapas do céu dos anos
1980 que registraram, sem grande sensibilidade, emissões em frequências ainda mais baixas, em mega-hertz, que podem ter captado esse sinal.” Na época, o ruído inesperado foi provavelmente interpretado como erros ou desvios de medição. O desafio agora é descobrir qual a origem do novo ruído de fundo.

Cientista é acusado de desviar milhares de dólares de projeto da NASA

Miami, 26 fev (EFE)

- Um cientista e professor da Universidade da Flórida e vários membros de sua família foram acusados de supostamente terem cometido uma fraude contra a NASA (agência espacial americana) que chegaria a centenas de milhares de dólares, informaram hoje as autoridades.

Agentes do FBI (Polícia federal dos Estados Unidos) revistaram os escritórios do cientista Samim Anghaie, de
59
anos e professor de engenharia radiológica, acusado de "obter ilegalmente centenas de milhares de dólares de fundos do Governo" da NASA.

A investigação destaca que o cientista, sua esposa, Sousan, de
54
anos, e os dois filhos são suspeitos de preparar faturas "fraudulentas" através das quais desviaram para si centenas de milhares de dólares.Na universidade, Anghaie dirigia o Instituto de Propulsão e Poder Nuclear Espacial Inovador na cidade de Gainsville, Flórida.

A agência tinha concedido ao cientista duas verbas para estudar o uso do poder nuclear nas viagens espaciais. A investigação se centra na companhia New Era Technology Inc. (Netech), criada em 1988 como uma empresa de pesquisa de alta tecnologia.

A mulher do cientista presidia a companhia, que, desde
1999, obteve 13 contratos federais no total de US$ 3,4 milhões, dos quais US$ 2,5
milhões procediam da Nasa, segundo os documentos divulgados nos tribunais.Aparentemente, uma grande parte do dinheiro foi desviada das contas da companhia a outras pessoais para comprar veículos e imóveis, segundo uma declaração juramentada de agentes do FBI e de um inspetor da agência espacial.

Os agentes federais alegaram que a Netech e, "particularmente, Sousan Agnhaie, falsificaram os indicadores de trabalho e informação de orçamentos sobre propostas de contratos certificados enviados à NASA".

http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1019435-5602,00-CIENTISTA+E+ACUSADO+DE+DESVIAR+MILHARES+DE+DOLARES+DE+PROJETO+DA+NASA.html

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Sonda que comprova teoria de Einstein tem apoio internacional

The New York Times

Por 46 anos, Francis Everitt, físico da Universidade Stanford, vem promovendo as instáveis recompensas que podem ser oferecidas pela Sonda Gravitacional B, experiência espacial tão exótica que faz lembrar um enredo de "Jornada nas Estrelas". Por fim, com a assistência financeira de emergência obtida junto a duas fontes improváveis, o sucesso parece estar à mão.

Concebida no final dos anos
50, financiada com verba de US$ 750 milhões da Agência Espacial Americana (Nasa) e colocada em órbita em 2004
, a espaçonave do projeto Sonda Gravitacional B tinha por missão tentar provar dois preceitos da teoria da relatividade geral de Albert Einstein.

O primeiro, conhecido como efeito geodésico, prescreve que um grande corpo celeste como a Terra distorcerá o tempo da mesma maneira que um lençol de borracha se distorce quando uma bola de boliche é colocada sobre ele. O segundo, conhecido como arrasto de moldura, ocorre quando a rotação de um grande corpo celeste "retorce" o tempo-espaço circunjacente; se alguém girar a bola de boliche em repouso, o lençol de borracha se retorce.

Sonda que comprova teoria de Einstein tem apoio internacional

A Sonda Gravitacional B, criada para comprovar preceitos da teoria da relatividade geral de Albert Einstein, conta com parceria da Arábia Saudita para prosseguir pesquisas. The New York Times.

Para medir esses fenômenos, Everitt e sua equipe, em Stanford, equiparam a Sonda Gravitacional B com um telescópio especial conectado a diversos giroscópios. Apontaram o telescópio para uma estrela-guia, a IM Pegasi, e acionaram os giroscópios de forma a que seus eixos também tomassem por referência a estrela-guia. Caso Einstein tivesse razão, os giroscópios apresentariam ligeiro desvio ao longo do tempo, acompanhando a distorção do contínuo espaço-temporal.

A equipe de Stanford recolheu o equivalente a 11,5 meses de dados das transmissões da Sonda Gravitacional B, mas pequenos desvios imprevistos nos giroscópios prejudicaram os resultados. Everitt teve de pedir tempo e verbas adicionais à Nasa, para que sua equipe de 11 pessoas pudesse descobrir como limpar os dados.

Quatro trabalhosos anos mais tarde, a equipe confirmou o efeito geodésico e está próxima a um resultado confiável quanto ao arrasto de moldura. Mesmo assim, a Nasa se viu forçada a suspender o financiamento do trabalho, em maio. A catástrofe sofrida na reta final poderia ter sido o final do projeto, mas Everitt, tão conhecido pela tenacidade quanto pelo charme, já havia levado a Sonda Gravitacional B a sobreviver a diversas ameaças severas ao longo dos anos.

Para manter o projeto ativo, em
2008, ele já havia obtido uma contribuição de US$ 500 mil junto a Richard Fairbank, fundador e presidente-executivo da Capital One Financial e filho do antigo mentor do físico, William Fairbank, professor de física em Stanford. Fairbank estipulou que só forneceria a verba caso a Nasa e Stanford contribuíssem com quantias iguais, o que ambas fizeram.

Mas pela metade de
2008, o US$ 1,5 milhão estava acabando. Everitt então recorreu a Turki al-Saud, vice-presidente dos institutos de pesquisa da Cidade Rei Abdulaziz da Ciência e Tecnologia, na Arábia Saudita, e membro da família real do país. Al-Saud, que tem um doutorado em aeronáutica e astronáutica por Stanford, obteve uma doação de US$ 2,7 milhões. O trabalho continua.

"Nunca imaginei que viria a conhecer Riad", disse Everitt. "Precisaremos de mais dinheiro, mas aqueles US$
2,7 milhões realmente ajudaram. Agora, temos um fim definido à vista". A experiência da Sonda Gravitacional B foi concebida nos primeiros anos da era espacial, por Leonard Schiff, físico de Stanford, e George Pugh, do Departamento da Defesa. Schiff levou William Fairbank para o projeto em 1959, e em 1962 Fairbank convenceu o britânico Everitt a fazer uma visita. Everitt, 74, dirige o programa Sonda Gravitacional B desde então.

Embora a experiência em si seja relativamente simples, as demandas de engenharia não tinham precedentes. A distorção teórica do contínuo espaço-temporal relacionada ao efeito geodésico era minúscula e a do arrasto de moldura ainda menor.

Para realizar medições da precisão requerida, e tendo por objeto um corpo celeste grande como a Terra, os giroscópios da espaçonave precisavam ser virtualmente isentos de fricção, de influências de calor, campos magnéticos e de movimentos imprevisíveis. O ambiente intocado do espaço tornava essa tentativa possível.

Mas o sucesso não estava garantido. Tecnologias exóticas, muitas vezes sem precedentes, seriam necessárias. Os quatro giroscópios de quartzo fundido, do tamanho de bolas de ping-pong, revestidos com o metal nióbio, são os objetos esféricos mais perfeitos já criados pelo homem. Uma "bolsa" de chumbo do tamanho de um caixão protege os giroscópios contra o campo magnético da Terra.

Um grande recipiente em forma de garrafa térmica, conhecido como dewar, abriga
238 litros de hélio líquido, refrigerado para apenas dois graus acima do zero absoluto. O hélio mantém o revestimento de nióbio em temperatura supercondutora, de modo que o metal possa rastrear os desvios no eixo de giro dos giroscópios.

Quando a espaçonave de
6,5 metros e três toneladas foi lançada, em 20 de abril de 2004, a Sonda Gravitacional B se havia tornado uma ferramenta muito dispendiosa, criada para provar algo que muitos cientistas, ao longo dos anos, vieram a aceitar como já provado pela física teórica e por algumas experiências anteriores.

Mas esse argumento não abala Everitt. "Estamos realizando uma medição com um objeto maciço, e isso é válido", diz Everitt. "É isso que a teoria da relatividade geral diz, e isso que tentamos provar na experiência". Mas a missão não transcorreu de acordo com os planos. O revestimento de nióbio nos giroscópios e em suas bases era ligeiramente irregular, o que causou pequenos torques elétricos imprevisíveis que geravam desvios nos giroscópios.

A missão foi encerrada em
2005, mas desde então a equipe de Stanford vem mapeando as anomalias do nióbio em cada giroscópio, determinando os padrões de distorção e separando ruído e dados. A Nasa havia reservado verbas para um ano de trabalho de análise de dados posterior ao voo, mas Everitt precisava de muito mais tempo, e a Nasa bancou o projeto até 2007. O fim parecia ter chegado, então.

Richard Fairbank, a quem Everitt conhece desde a infância, não aceitou a conclusão. "Há quase
50 anos, meu pai conversou comigo sobre a integridade de uma busca audaciosa, e sobre a necessidade de não desistir", afirmou Fairbank. "Eu sentia que o projeto estava perto demais do objetivo final para que o deixássemos inacabado".

O dinheiro que ele ofereceu serviu para levar o trabalho até 2008, mas em maio o programa da Sonda Gravitacional B passou por um processo de revisão de alto nível conduzido pela Nasa, sob o qual um comitê de cientistas independentes avalia os programas que a agência tem em curso a fim de determinar as prioridades de financiamento. "Terminamos em último lugar, entre todos os programas avaliados", declarou Everitt.

No entanto, no mesmo mês, Turki al-Saud visitou Stanford e teve uma breve conversa com Everitt. A Arábia Saudita, que já construiu
12 pequenos satélites, "estava interessada em formar parcerias" para futuras missões espaciais, disse Saud em entrevista telefônica, e veio a assinar acordos nesse sentido com a Nasa e com Stanford, depois daquela reunião. Everitt se reuniu com Saud em Londres, em julho, e a Sonda Gravitacional B recebeu mais US$ 2,7 milhões.

A equipe continuou trabalhando. Em agosto, alguns alunos de pós-graduação envolvidos no projeto obtiveram um avanço considerável ao conseguir enquadrar o desvio quanto ao arrasto de moldura a um número que fica a
15% de distância do resultado esperado.

Everitt espera reduzir essa distância a
3% até a metade de 2010. O efeito geodésico no momento está a 1% do resultado previsto, e a disparidade deve se reduzir ainda mais. "Eles realizaram a parte espacial da missão, e pareciam ter encontrado um problema que muita gente considerava intransponível", disse Michael Salomon, diretor científico do Programa de Física do Cosmos da Nasa e partidário vigoroso do projeto apesar da decisão adversa do comitê de revisão.

"E aí conseguem esse resultado. É francamente espetacular, e quando o trabalho estiver concluído convocaremos a imprensa para um anúncio formal dos resultados".

http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI3592509-EI238,00-Sonda+que+comprova+teoria+de+Einstein+tem+apoio+internacional.html


sábado, 21 de fevereiro de 2009

Cientistas elegem os 10 telescópios mais importantes do mundo‏.

Imagem da Galáxia Whirlpool feita pelo telescópio.
Sloan Digital Sky Survey

Não é preciso um grande espelho para causar grande impacto. O Sloan Digital Sky Survey, um projeto conduzido com um modesto telescópio com 2,5 metros de diâmetro no Novo México, executou as observações científicas mais citadas em 2006, de acordo com uma nova análise sobre os 10 observatórios astronômicos de maior impacto.

"A avaliação aponta a qualidade científica da contribuição do telescópio", diz Juan Madrid, da Universidade McMaster, no Canadá, sobre a lista de 10 telescópios mais influentes que ele vem compilando quase todo ano desde 1998. "De certa forma, ela mede a competência do comitê que aloca tempo de observação, e a qualidade do telescópio. Também diria que mede a competência dos cientistas".

Entre os cinco melhores há outro telescópio modesto, o Swift, telescópio instalado em satélite que observa surtos de raios-gama. Os três outros postos são ocupados por gigantes da astronomia: o telescópio Espacial Hubble; os quatro telescópios de oito metros do Observatório Meridional Europeu, em Paranal, Chile; e os dois telescópios de 10 metros do observatório Keck, no Havaí.

A tabela mostra que os avanços tecnológicos de um telescópio podem levá-lo ao topo da lista, mas que a cultura e as limitações da instituição que o opera são importantes. No entanto, alguns astrônomos acautelam que o número de citações em trabalhos científicos é apenas um dos indicadores que deveriam ser usados na avaliação de valor.

"Creio que diversos fatores precisem ser considerados para determinar a importância de um observatório", diz Robert Williams, presidente eleito da União Astronômica Internacional e ex-diretor do Instituto de Ciências do Telescópio Espacial, em Baltimore, que opera o telescópio Hubble.



Cientistas elegem os 10 telescópios mais importantes do mundo‏.II

Mestres do universo
Madrid começou a montar seu ranking em 2001, quando trabalhava no instituto de telescopia de Baltimore. Naquele momento, o interesse político em reformar o Hubble era escasso. O método dele foi avaliar os 200 estudos científicos mais citados de cada ano, desconsiderar os trabalhos teóricos, determinar que observatórios responderam pelos estudos restantes e calcular as citações.

O mais recente ranking, aceito para publicação pelo Bulletin of the American Astronomical Society, se refere aos estudos mais citados em 2006, porque são precisos dois anos para que número considerável de citações sejam acumuladas. O ranking sempre confere posição de destaque ao Hubble, que está entre os cinco mais a cada ano.

Outros observatórios têm passagens notáveis pelo ranking por breves períodos e depois perdem o destaque. A Sonda Anisotrópica de Micro-Ondas Wilkinson, por exemplo, ficou em primeiro em 2003, depois do lançamento de seu importantíssimo mapa da radiação cósmica de fundo.

Em 2004, havia caído para o quarto posto. Mas, depois que seus dados já haviam sido explorados a fundo, a sonda perdeu destaque e não ficou entre os 10 mais em 2006. Já o Sloan Digital Sky Survey está em alta, liderando o ranking em 2004 e 2006 (Madrid não publicou um ranking quanto a 2005).

O trabalho do observatório ajudou a deslindar a estrutura da Via Láctea e a averiguar indiretamente o efeito da energia escura sobre a expansão acelerada do universo, diz David Weinberg, da Universidade Estadual do Ohio em Columbus, um dos astrônomos que coordenam o trabalho do observatório.

Cientistas elegem os 10 telescópios mais importantes do mundo‏.III

Vencedores e derrotados
Alguns astrônomos expressaram abertamente suas dúvidas quanto a algumas ausências conspícuas na lista dos 10 mais, entre as quais a do observatório Gemini, que opera com dois telescópios de oito metros, um no Havaí e o segundo no Chile.

Timothy Beers, da Universidade Estadual do Michigan em East Lansing e presidente do comitê científico do Gemino, aponta para o fato de que os telescópios do observatório foram projetados mais para observar a banda infravermelha do que a visível do espectro, e por isso recebem pedidos de trabalho de uma proporção menos da comunidade científica.

"Eles não foram concebidos como telescópios de propósitos gerais", disse Beers. "E isso é um problema quanto ao ranking". Na ausência de gama mais ampla de instrumentos que permitam observar porção mais larga do espectro, Beers diz que muitos cientistas tendem a optar por outros observatórios.

Outra questão, ele diz, é o controle sobre a alocação do tempo de observação sempre limitado. Telescópios controlados e operados por instituições privadas, como o observatório Keck, podem dedicar muito tempo a pequenos grupos de cientistas que trabalham com os tópicos mais suculentos.

O Gemini, um consórcio público que representa sete países, tem sete comitês diferentes de alocação de tempo. Isso torna mais difícil organizar campanhas longas e unificadas - ainda que Beers reconheça que os conjuntos de dados mais amplos obtidos de campanhas longas tendam a propiciar ciência de mais alto impacto.

Mas a maioria dos astrônomos considera que o indicador oferecido pelo número de citações é apenas uma de muitas maneiras de medir a eficiência de um observatório. Outras incluiriam a produção geral de estudos científicos e o número de pedidos de observação comparado ao de trabalhos de observação realizados.

"Minha opinião geral é que essa mania das citações foi exagerada ao absurdo", diz Weinberg. "Mas esse indicador faz diferença? Creio que sim, especialmente no momento de tentar arrecadar fundos".

E assim Weinberg fez questão de apresentar os rankings referentes a 2004 ¿e a liderança do Sloan Digital Sky Survey- ao pedir por uma prorrogação de seis anos na operação do projeto. O programa conquistou US$ 99 milhões em verbas da Fundação Nacional de Ciências dos Estados Unidos, na metade do ano passado.

"Que impacto o ranking exerceu sobre os jurados e os diretores de programas da fundação? Não posso dizer. Mas decerto exerceu algum impacto, como bem deveria".

The New York Times

Jovens estrelas são vistas pela 1ª vez em anel de gás.

Na imagem, o "anel de Leo" é indicado com o código
"2E" na localização chamada de região I

EFE
Uma equipe de cientistas encontrou estrelas jovens pela primeira vez em uma primitiva estrutura de gás chamada "anél de Leo". Segundo eles, o achado sugere a existência de um grande números de associações de estrelas deste tipo no universo e de galáxias anãs que não foram vistas até hoje. As informações são da EFE.

O estudo foi realizado a partir de imagens captadas pelo telescópio Galex (Galaxy Evolution Explorer), da Nasa, agência espacial americana. As novas associações estelares, que abrigam estrelas desconhecidas, puderam ser vistas nas fotos.

De acordo com os astrônomos, os contornos em amarelo indicados nas imagens mostram a distribuição de gás (hidrogênio), onde teriam se formado as estrelas que compõem as associações.


http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI3583433-EI238,00-Jovens+estrelas+sao+vistas+pela+vez+em+anel+de+gas.html


Desvendando o Internauta-padrão, parte 1: o crente

Estamos vivendo uma era de transição. Um momento que separa o passado, "desplugado" e sem qualquer acesso à informação, do futuro, totalmente imerso em um mundo sem fio e onde qualquer um pode consumir, produzir, transformar qualquer tipo de conteúdo.

Nesse cenário, duas coisas precisam ser consideradas. A primeira: existe uma defasagem muito grande entre o "heavy user", sujeito tarimbado e acostumado aos meandros da rede, e o novato que descobriu para que serve essa tal de Internet agora há pouco.

A segunda: independente do nível de conhecimento, pessoas que já estão conectadas há tempos ainda não tem cultura (entenda "educação") suficiente para aproveitá-la como deveria. E isso não é necessariamente um demérito: atire a primeira pedra quem nunca fez alguma burrada virtual, tendo a certeza de que estava tudo em ordem.

Vai chegar o dia em que estaremos num mundo ideal, onde as pessoas estarão incluídas digitalmente, seja por obrigação ou graças a incentivos públicos ou privados. Não importa: quando essas relações virtuais estiverem suficientemente claras para todos, essa visão caótica será substituída por um modelo onde as pessoas que criam, as que criam e consomem e as que simplesmente consomem serão facilmente identificadas - afinal, todos vão ter a mente aberta o suficiente para entender do que se tratam essas mudanças todas. Mas até esse dia chegar, ainda vamos como o Internauta-padrão.

Desvendando o Internauta-padrão, parte 1: o crente- II

Mas o que é o Internauta-padrão?
Normalmente, usa-se "analfabeto funcional" para identificar qualquer mula virtual. Eu faço aqui uma ressalva: a expressão, usada para definir quem consegue ler e escrever mas não sabe interpretar, é perfeita para alguns cidadãos totalmente sem noção, mas é um pouco forte para peculiaridades que definem algum tipo de deslize, mesmo os mais corriqueiros e imperceptíveis.

É diferente do Internauta-padrão, derivado de "operário padrão", isto é, aquele que bate cartão, dá uma enrolada, faz apenas o necessário e não está nem aí para o mundo. Assim como essa turma, o Internauta-padrão não pensa. Por alguma razão qualquer: limitação técnica ou saco cheio mesmo.

Por essa razão, Internauta-padrão não é um rótulo fixo. Ninguém é, necessariamente, Internauta-padrão o tempo todo. É bem provável que, a qualquer momento, eu ou você "estejamos" sob essa condição, permanente ou temporariamente (assim espero).

Para deixar bem clara a definição do Internauta-padrão, vamos mostrar gradativamente os tipos mais comuns, reunindo suas características específicas. Evidentemente, muitos desses tipos são complementares - e se algum usuário se encaixar em todos eles, "analfabeto funcional" ainda será pouco. Depois desta breve introdução, finalmente a primeira parte...

Desvendando o Internauta-padrão, parte 1: o crente- III

Quem é o Internauta-padrão crente?
Seria um dia normal na vida de Crente 1, não fosse por uma notícia bombástica: descobriram que o asteróide 2-Pallas teve sua órbita alterada e vai se chocar com a Terra, trazendo mudanças sem precedentes na existência humana. Instantaneamente, Crente 1 repetiu o que fizera quando encontrou as fotos do acidente da Gol: apanhou o endereço da matéria e encaminhou para todos os seus contatos, via e-mail, Orkut, MSN e afins.

Muitos de seus amigos entraram em estado de choque. Um amigo do amigo, o Crente 2 jornalista e editor de um grande portal conceituado, reproduz exatamente os mesmos parágrafos em uma notinha e ostenta a notícia em sua manchete. Com isso, cada vez mais pessoas vão atrás do assunto em mecanismos de busca - descobrem que outros grandes portais conceituados replicam o mesmo tema.

Os dois só souberam muito tempo depois que a informação era, na verdade,
uma campanha publicitária. Curiosamente, o Crente 2 já tinha sido enganado antes, ao fazer propaganda contrária à empresa Arkhos Biotech, que estaria prestes a privatizar a Amazônia. Coincidentemente, a empresa também fazia parte de uma jogada de marketing.

Aliás, o senador Arthur Virgílio (talvez o exemplo-mor de Internauta-padrão crente)
reclamou publicamente do inexistente laboratório norte-americano, mas quando soube que era uma dessas "novidades da Internet", reagiu com bom humor - foi até convidado pela empresa para brincar também.

Mas o que fez o Crente 2? Ficou irritadinho! Escreveu um novo artigo defendendo seus colegas jornalistas, que agiram de boa fé ao denunciar algo nefasto para seus interesses, e que isso era uma vergonha, uma tremenda falta do que fazer, e que deviam dar um jeito de tirar da Internet essas coisas nefastas. De repente, se o Crente 2 soubesse o que é ARG... Não, menos: se ele checasse a notícia, como qualquer jornalista deveria fazer, talvez fizesse diferente.

Desvendando o Internauta-padrão, parte 1: o crente- IV

Características do Internauta-padrão crente
- O Internauta-padrão crente QUER ACREDITAR, simples assim.
- Por isso, acredita completamente no que encontra em qualquer site, independente de sua procedência. Seu lema: "se está na Internet, é real".

- Mantém a mesma crença em histórias mirabolantes recebidas em seu e-mail: celulares de graça, crianças desaparecidas, doações de sangue, abaixo-assinados...
- Espalha essas bobagens todas para os amigos, reafirmando sua crença cega a todo instante. Ou escrevem, no máximo, algo como "eu não confirmei, mas pode ser que seja verdade".

Publicam a "mentira" em diversas páginas simultaneamente, sejam elas blogs medianos ou grandes portais conceituados.
- Esquece de revisar o dogma e deixa a "mentira" publicada, para que outros crentes redescubram o mesmo assunto, via Google, nesta e em outras páginas, mesmo semanas, meses, anos depois (a "cauda longa da ignorância").

- Fica surpreso quando descobre que foi enganado, se irrita profundamente e imagina todo tipo de ameaça para o autor da brincadeira.
- Pior cenário: mantém sua opinião até o fim, afinal, "se está na Internet, é real". "Que Lost, que nada. As fotos são do acidente mesmo!".

Desvendando o Internauta-padrão, parte 1: o crente- V

Eu sou um Internauta-padrão crente!!! E agora???
Se você caiu em uma ou outra pegadinha, relaxe. Certamente, sua vida anda corrida e, em um momento de fraqueza, foi surpreendido. Seu estágio como Internauta-padrão crente só existe por uma razão simples: falta de checagem.

Não importa se a informação chegar a você como uma propaganda, ou um hoax. Mesmo as fontes mais sérias costumam não apenas veicular publicidade, mas especialmente cometer erros. Claro que é chato pisar na bola. Mas mais chato é propagar a mancada como se fosse algo real ou alarmista.

Pode acreditar: não é a primeira vez e nem será a última vez que alguém será surpreendido por algum dado falso. E nem mesmo o Google pode ser julgado: ele não separa o joio do trigo, só traz opções baseado nos seus critérios de busca. Entre elas, talvez esteja a resposta desejada, ali entre alguns erros primários de informação e as manipulações movidas por algum interesse pessoal.

Por isso, antes de reclamar ou ameaçar o autor da sacanagem, lembre-se que você não pode obrigar os outros a terem bom senso ou análise crítica. Mas você pode. Na pior das hipóteses, desconfie de tudo, sempre. Caso ache um exagero, ao menos mantenha algum ceticismo, sempre no limite do bom senso. Pode ser que não salve vidas, mas pelo meios evita aquele "forward" desnecessário no e-mail.

Brasileiro simula Marte para "criar" água líquida‏.

Felipe Maia -da Folha Online

O cientista brasileiro que detectou a existência de água líquida em Marte já convenceu vários colegas de que a sua proposta é consistente e está se preparando para um experimento para reforçá-la.
Nilton Rennó, da Universidade de Michigan (EUA), um dos pesquisadores envolvidos na missão da sonda espacial Phoenix, da Nasa (agência espacial americana), pretende simular em laboratório as condições atmosféricas do planeta vermelho.
O objetivo é verificar se a substância aparece da forma como foi observada pela sonda. Após análise, Rennó interpretou as imagens como sendo de líquido, conforme noticiado pela Folha Online em agosto.
A alta concentração de sais é o que permitiria à água marciana ser líquida em baixas temperaturas.Rennó já submeteu para publicação um estudo sobre o assunto, assinado em conjunto com mais 22 cientistas. O trabalho deve sair na revista científica "Journal of Geophysical Research - Planets".

Para indicar a presença de água líquida, foram usadas imagens e medidas térmicas registradas pela sonda. Nas fotos, é possível ver o que seriam pequenas gotículas de água em uma das pernas da Phoenix.
Rennó diz que "bolsas" de líquido são formadas por uma água com alta concentração de perclorato de magnésio. Isso permite a existência de água líquida mesmo a uma temperatura média de -53ºC.
Provas de que essas formações escorregam, gotejam e se fundem na perna da Phoenix dão força à teoria do cientista . Entretanto, alguns cientistas dizem acreditar que os pontos vistos no local são apenas grãos de gelo ou, no máximo, uma espécie de gel.