sábado, 28 de fevereiro de 2009

Satélite nosso que estás nos céus.‏ III

Vigília ufológica:
prática relevante na pesquisa de campo


Intrusos e de estranho comportamento, os satélites surgem de surpresa, logo após o horizonte ou manifestam-se de repente em pleno céu, quase no zênite. Outra característica de sua invasão da abóbada celeste é a impressão que dão de, aos poucos, irem diminuindo sua luminosidade, como se "apagassem sua luz", até desaparecerem em pleno espaço.

Diante de tais casos, espantamo-nos porque juramos que nenhuma nuvem, por tênue que fosse, pudesse ali estar para escondê-los. Os satélites se cruzam à nossa vista, em rotas perpendiculares e oblíquas entre si. Como sabemos, boa parte não é eternamente aproveitável.

Apesar do muito espaço que existe à órbita do planeta, o número de objetos e artefatos artificiais é tão grande que o perigo de colisão existe. Basta lembrarmos que os acidentes de avião seriam ilógicos se considerássemos a vastidão do espaço aéreo. No entanto ocorrem.

Outro exemplo é a imensidão dos oceanos, onde independentemente disso acontecem amiúde colisões entre embarcações. Dezenas de explosões no espaço, sem dúvidas atribuíveis a choques entre satélites, foram e são detectadas. Algumas não são meramente acidentais, mas programadas, provocadas por satélites destinados à destruição de outros espiões.

É a "guerra nas estrelas", hoje tão comentada. Toda uma festa no céu só tende a esquentar, considerando-se as inúmeras utilidades da ocupação espacial. Se nós ufólogos acharmos que a tendência é tornar-se mais fácil o trabalho para analisarmos avistamentos de UFOs, enganamo-nos.

A cada dia que passa mais e mais fatores estarão complicando nossos céus, provocando confusões e enganos. Parte dos corpos que circulam ao redor do mundo são meros calhaus espaciais, como peças de equipamento e destroços de corpos arrebentados.

Algumas das explosões registradas são perfeitamente identificáveis, pois é público que a Rússia propositalmente costuma destruir seus próprios aparelhos, como fez com algumas estações da série Salyut, que eram equipadas com instrumental útil. Outras explosões só podem ser atribuídas a choques entre satélites, pois que, por exemplo, grande parte deles descreve órbita relativa à região polar, para não sofrerem tanto a ação de correntes magnéticas e do cinturão de Van Allen.

Certos corpos mais importantes, pelo custo e destinação, que explodiram, tiveram sua destruição mais notável, como o Skylab, o Cosmos
1402, o Cosmos 1275, o Explorer 36, o Cosmos 954
e o Pageus. Quando não são estilhaçados por colisão ou destruição provocada, sofrem avarias e, perdendo força, não conseguindo manter-se em órbita, precipitam-se na atmosfera, partindo-se na reentrada em dezenas de pedaços.

Este é outro fenômeno que pode surpreender numa noite escura e estrelada, causando confusão com UFOs. Após bater na massa de ar, o satélite perde velocidade e se fragmenta, bombardeando o solo. Se alguém teve oportunidade de testemunhar a reentrada da atmosfera de um aparelho como o Cosmo
1402, deve ter observado um espetáculo digno de registro, pois ele tinha 14 m de comprimento. Usava um reator nuclear de propulsão, abastecido com carga de 45 kg de urânio.




Órbitas e observações
Em termos vulgares, velocidade angular é a relativa ao ponto de observação. Os satélites de órbitas próximas (cerca de
200 km de altitude) apresentam a mesma velocidade angular de um avião voando a grande altitude. Nesses casos fica mais difícil distinguir um do outro, mas muito raramente não conseguiremos notar a luz piscante do avião, mormente se estivermos munidos de um modesto binóculo.

Aqui uma sugestão é cabível: sempre que acompanharmos a trajetória de um ponto de luz, procuremos observar a sua passagem no espaço zênite ou à nossa frente. Em se tratando de avião, seguramente notaremos sua luz característica. Os intervalos entre as piscadas são quase regulares.

Não confundir, entretanto, com uma nítida variação de brilho nos satélites, que pode ser registrada. Certos artefatos oscilam sua luminosidade, principalmente quando são alongados e giram em torno do próprio eixo. Porém o problema de órbita é a chave do nosso estudo.

Inicialmente, a velocidade de vôo de um satélite para a órbita é impressa de modo que a força centrífuga seja exatamente igual à força gravitacional (atração) do planeta. Se por acaso um corpo fosse colocado a pouca altura de vôo, conseguiria dar a volta ao mundo em uma hora,
24 minutos e 25 segundos a uma velocidade de 7,91 km /segundo, mas na prática não completaria sua volta em virtude da resistência do ar. Para que um satélite complete uma volta ao redor do mundo, deve ser colocado em órbita de no mínimo 160 km de altitude, a partir do que a resistência do ar torna-se cada vez menos forte até que a última camada da atmosfera seja ultrapassada.



Dependendo da área de superfície a ser coberta, os satélites são colocados estrategicamente em altitude e rota predeterminadas. Tais rotas podem ser modificadas se os artefatos contarem com um foguete próprio que os impulsione para a direção da órbita desejada.

O primeiro ponto a ser levado em conta, de maiores possibilidades de observação, é que os habitantes de regiões limítrofes ao equador são mais privilegiados. Isso porque, existindo em maior número e voando a altitudes mais baixas, portanto sendo mais brilhantes, os satélites de comunicação são postos numa órbita sobre o equador.

Nesses casos a órbita descrita é quase sempre arredondada, observando-se que o aparelho é de relativa baixa altitude. Fácil, pois situados em um ponto fixo de período de observação constante, podemos sempre a mesma hora da noite registrar a passagem de um satélite, num mesmo sítio.

Quase nunca veremos satélites antes do pôr-do-Sol, já que nossa estrela faz incidir seus raios à nossa vista, causando o azulado e a clareza do céu diurno, cortando as condições de observação do espaço, tornando a atmosfera opaca. Lembramos, no entanto, que as noites são mais curtas no hemisfério sul, no início do verão,
21 de dezembro. A partir de 20 de março, os dias e as noites têm igual duração. As noites são mais longas que os dias a partir de 21 de junho. Assim é no Brasil, estando nós no chamado solstício.



Os raios solares não atingem o pólo sul e é sempre dia no pólo norte. Daí a razão da longevidade das noites em países como o Brasil, situados na banda sul do globo. A duração do dia e da noite torna a ser idêntica em 22 de setembro quando o sol volta a atingir o equador.

É o equinócio e o início da primavera no hemisfério sul. Quanto à duração do dia e da noite, as considerações acima foram descritas apenas para escolha de épocas mais propícias à vigília. Ora, dia por dia, devemos observar cálculos astronômicos, que aqui não são cabíveis.

O fato é que poderemos ver mais satélites nos dias de noites mais longas. Em resumo e empiricamente: no verão, o dia tem mais de 12 horas e a noite menos de 12 horas. No inverno, o dia tem menos de 12 horas e a noite dura mais que 12 horas. Voltando ao problema das órbitas, outros satélites não as descrevem circulares, mas alongadas, elipsoidais, dependendo da velocidade de impulso.

À medida que essa velocidade difere quando do lançamento, a órbita pode ser mais ou menos alongada. Nessa situação, até um limite de velocidade para que não ocorra o escape, em períodos constantes do mês o satélite será mais visível em uma região fixa, menos visível em outras - à medida que a elipse abre - e invisível nas demais.

Podemos imaginar melhor, considerando a figura abaixo, quando em A temos o perigeu (ponto mais baixo, próximo da Terra) e em B o apogeu (ponto mais alto ou distante da Terra). Visualmente notamos por vezes nítida diferença de velocidade aparente (ou angular) dos satélites.

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