sábado, 28 de fevereiro de 2009

Ruído misterioso no Cosmos- III

NASA/Arcade.
Área colorida: os 7% do céu observado no estudo



Interferências - Sem questionar a veracidade dos resultados gerados pelo Arcade, alguns astrofísicos preferem esperar o surgimento de mais evidências de que o desconhecido sinal de fundo captado é mesmo real, e não resultado de um erro de medição ou de interpretação.

“Eles parecem ter sido muito cuidadosos em seu trabalho e os resultados apresentados são fantásticos”, opina a astrofísica brasileira Angélica de Oliveira Costa, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), estudiosa da radiação cósmica de fundo. “Mas existe sempre a possibilidade de erro e essa questão ainda está em aberto.”

Ela acredita que será necessário aguardar a confirmação da existência do novo ruído por mais cientistas, que também deverão ser capazes de flagrá-lo com o emprego de outras técnicas e modelos de emissão de radiação. Segundo Angélica, não existe um bom mapeamento da emissão das galáxias nas baixas frequências de micro-ondas em que o sinal foi detectado, dificuldade que pode induzir a equívocos. “Particularmente, acho que o sinal existe”, comenta a astrofísica. “A questão é saber se ele é tão forte quanto foi detectado ou até dez vezes menor.”

Quando registraram pela primeira vez, há mais de 40 anos, o sinal que se mostrou ser a radiação cósmica de fundo, Penzias e Wilson não sabiam se o fraco ruído que tinham medido era real. Chegaram até a achar que a estática era uma distorção causada por fezes de pássaros que se acumularam na antena de rádio usada no experimento ou uma interferência provocada por alguma fonte terrestre.

Já havia desde o final da década de
1940
teorias prevendo a existência da radiação cósmica de fundo e os trabalhos da dupla nos Bell Labs acabaram sendo a sua prova material. No caso do novo sinal registrado, ainda é muito cedo para saber como a história vai terminar.

“Estamos revendo trabalhos antigos em busca de registros desse ruído que possam ter passado despercebidos”, diz Villela. “Há mapas do céu dos anos
1980 que registraram, sem grande sensibilidade, emissões em frequências ainda mais baixas, em mega-hertz, que podem ter captado esse sinal.” Na época, o ruído inesperado foi provavelmente interpretado como erros ou desvios de medição. O desafio agora é descobrir qual a origem do novo ruído de fundo.

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