sábado, 28 de fevereiro de 2009

Satélite nosso que estás nos céus.‏

Satélites são confundidos com UFOs
em diversificadas situações


Um aspecto que há muito desperta o interesse dos ufólogos é a controvertida possibilidade de se observar satélites artificiais em certas horas e condições. Evidentemente para os peritos em Astronáutica e astronomia tal assunto não apresenta dificuldade.

No entanto, temos notado que com o advento cada vez maior da vontade dos pesquisadores em adquirir postura objetiva e científica, mormente perante depoimentos de testemunhas de alegados avistamentos ufológicos, o problema vem oferecendo alguma barreira, principalmente para fins de registro e análise.

Nos últimos eventos de que participamos fomos abordados por colegas desejosos de trocar idéias a respeito do tema. Isso nos inspirou a elaborar esta pequena contribuição. Baseamo-nos em noções elementares de astronomia e fomos buscar em compêndios de Astronáutica as informações que aqui passamos.

Muitos ufólogos já se depararam com depoimentos de pessoas, que viram um pequeno ponto de luz varando os céus em trajetória retilínea, sem os característicos movimentos de um UFO. Partindo da premissa de que tal objeto se manifestou fora da atmosfera, como temos certeza absoluta de que se tratava de um dos satélites artificiais que rodeiam nosso planeta?

De que forma poderemos considerar o número de dados para registrá-lo em termos de possibilidades, de que se tratava ou não de um UFO? É o que estudaremos. Durante o texto, o leitor encontrará alguns termos científicos usados em astronomia, pelo que sugerimos a consulta de um pequeno glossário ou boa fonte na Internet. Como o assunto é do direto interesse do pesquisador em Ufologia, recomendamos a leitura das obras especializadas, que dão destaque a satélites artificiais, para maior entendimento.
O que é uma vigília?
Certa ocasião, alguém ergueu o dedo num auditório e lançou a pergunta: "Afinal, qual a finalidade das tais vigílias?" A resposta é óbvia. Vigília é um período de tempo escolhido pelo pesquisador para, em determinado local, observar manifestações de características ufológicas, e colher dados que justifiquem um alegado índice anormal de aparições.

O ouvinte, desejoso de informações acadêmicas, retrucou logo: "Em suma, vocês são uma turma de loucos que vão para o mato caçar disco voador". Em princípio ele teria razão. Não se pode lançar mão da vigília com a única finalidade de avistar um UFO.

Ela tem utilidade bem ampla. Muitos depoimentos originam-se da confusão que o mal informado faz quando avista um fenômeno natural pouco comum e principalmente ao observar fenômenos artificiais de apresentação à primeira vista indefinível. É o caso de automóveis e tratores no alto de serras e, ao mais das vezes, dos satélites artificiais.

A vigília é oportunidade para se registrarem, além de outras, aparições de engenhos conhecidos e ocorrências naturais, que possam ser confundidos com UFOs. Método científico é o comparativo, checagem de informações precisas é importante e podemos concluir por uma coincidência de dados.

Comum observarmos o nascimento de um astro no horizonte, onde o espetáculo é notável em períodos de atmosfera carregada, que funcionando como lente, torna o brilho da estrela bastante ampliado. Munidos de uma carta estelar, sabemos que há tal hora e em tal posição, tendo como um ponto de referência algum acidente geográfico ou topográfico, uma estrela, "X", surgiu no céu observável.

A evidência do fenômeno pode impressionar um leigo, que julga ter sido testemunha de uma aparição ufológica.A má informação torna tão frágil a impressão do observador, que confusões assim são mais comuns do que se supõe. Temos registros de pessoas que juram ter visto discos voadores, que, no entanto, eram automóveis em estradas isoladas, invisíveis à noite.

De "contatados" que se comunicaram telepaticamente com tocos de árvores pegando fogo no pasto (como conta de maneira hilariante o pesquisador brasileiro Roberto Beck) e assim por diante. Ocorrências astronômicas são mais comuns em casos de confusão.

Nós mesmos, com nossa equipe, fomos vítimas da estrela Alfa da Constelação do Centauro, quando o fator emocional nos jogou num verdadeiro e constrangedor frenesi, diante da possibilidade de estarmos enxergando um enorme UFO, que ao telescópio apresentava-se como duas bolas unidas.

Diga-se de passagem que a famigerada explicação dada pela Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) a avistamentos de UFOs, como se fossem observações do planeta Vênus, à época do Projeto Livro Azul, não era tão desrespeitosa. Vênus já fez congestionar nossos telefones por inúmeras vezes.

Os trabalhos na vigília não se restringem a observação noturna. O dia deve ser utilizado para colherem-se dados de eventuais observações da noite anterior, perante pessoas da cidade e do meio rural circundante. Pelo método comparativo, a observação de um suposto UFO no mesmo sítio do espaço, na mesma hora e de idênticas características visuais ao nascimento do nosso astro "X", cai diante da probabilidade de se ter observado o tal astro, que é praticamente de 100%.

Satélite nosso que estás nos céus.‏ II

Planeta Vênus, velho conhecido dos ufólogos
e causador de diversos equívocos em leigos



Satélite, constante intruso
Durante uma vigília, qualquer coisa que se mova no espaço paralisará nossos nervos. A parte aviões, que ao lado de fenômenos naturais devem ser objeto de outro estudo, vamos nos ater aos satélites artificiais. De pronto o caro leitor se pergunta se há uma maneira segura de se afirmar se um ponto de luz em movimento a grande altitude não se trata de um UFO.

É claro que não. Mas a finalidade deste trabalho é descobrir a fórmula de um processo eliminatório, portanto específico aos horários e condições prováveis de observação de satélites. Sou compelido a tecer um comentário importante: sempre que um fato ufológico movimenta a imprensa, a tendência é solicitar o parecer de um astrônomo.

Nada mais certo à primeira vista, levando-se em conta a possibilidade de ter ocorrido a confusão com um evento astronômico. Mas não se justifica ao extremo. Foi exatamente um astrônomo quem nos chamou a atenção para isso. O incidente UFO é acontecimento de baixa altitude, estatisticamente falando.

O astrônomo quase sempre observa um sítio certo do espaço, tendo o seu telescópio regulado num campo restrito, com o foco direcionado para distâncias imensas fora da atmosfera. Caso um objeto cruze a frente de seu telescópio, o que já seria rara coincidência, provavelmente o estudioso sequer o notaria, em virtude da distância focal.

Ademais não vemos outros fatores que justifiquem ao astrônomo opinar sobre UFOs, somente porque se tratam de eventos cuja característica é o vôo. Enfim, os acontecimentos elementares de astronomia são necessários ao ufólogo. A recíproca talvez não seja imprescindível. Vulgarmente os satélites, em termos visuais, são pontos de diversas intensidades de brilho cruzando o espaço em linhas características conhecidas dos aviões, entre elas as do vôo por instrumentos.

Podemos acompanhar a trajetória de satélites de variados tamanhos e brilhos. Esses silenciosos caminhantes espaciais tomaram conta do céu a partir de 04 de outubro de
1957
, quando o Sputnik abriu a leva de engenhos artificiais colocados em órbitas da Terra.

Um cálculo nada exagerado afirma que em média coloca-se um satélite em órbita por semana. Diversos países têm tecnologia propícia à farta utilização de satélites artificiais, como EUA, França, Holanda, Canadá, Itália, China etc. Suas destinações, além de bélicas, são inúmeras, por canais que substituem, mais propriamente, todos os cabos submarinos, meteorologia, com destaque à previsão do tempo via TV, avisos sobre furacões e tempestades, cartografia, informações sobre colheitas e pragas, distribuição de águas de superfície, indicação de poluição de água e ar, navegação, medições astronômicas e outras infindáveis pesquisas de astronomia, mormente após a colocação de telescópios infravermelhos fora da atmosfera, além da internet.

São tantos os satélites, parte deles visível a olho nu, que alguns acordos aéreos entre potências foram firmados com o lançamento de satélites de controle do tráfego aéreo para regularizar a segurança nos ares. Que nenhum ufólogo se assuste quando observar, o que não é raro, vários satélites cruzando os céus simultaneamente na mesma trajetória, como verdadeira esquadrilha.

Satélite nosso que estás nos céus.‏ III

Vigília ufológica:
prática relevante na pesquisa de campo


Intrusos e de estranho comportamento, os satélites surgem de surpresa, logo após o horizonte ou manifestam-se de repente em pleno céu, quase no zênite. Outra característica de sua invasão da abóbada celeste é a impressão que dão de, aos poucos, irem diminuindo sua luminosidade, como se "apagassem sua luz", até desaparecerem em pleno espaço.

Diante de tais casos, espantamo-nos porque juramos que nenhuma nuvem, por tênue que fosse, pudesse ali estar para escondê-los. Os satélites se cruzam à nossa vista, em rotas perpendiculares e oblíquas entre si. Como sabemos, boa parte não é eternamente aproveitável.

Apesar do muito espaço que existe à órbita do planeta, o número de objetos e artefatos artificiais é tão grande que o perigo de colisão existe. Basta lembrarmos que os acidentes de avião seriam ilógicos se considerássemos a vastidão do espaço aéreo. No entanto ocorrem.

Outro exemplo é a imensidão dos oceanos, onde independentemente disso acontecem amiúde colisões entre embarcações. Dezenas de explosões no espaço, sem dúvidas atribuíveis a choques entre satélites, foram e são detectadas. Algumas não são meramente acidentais, mas programadas, provocadas por satélites destinados à destruição de outros espiões.

É a "guerra nas estrelas", hoje tão comentada. Toda uma festa no céu só tende a esquentar, considerando-se as inúmeras utilidades da ocupação espacial. Se nós ufólogos acharmos que a tendência é tornar-se mais fácil o trabalho para analisarmos avistamentos de UFOs, enganamo-nos.

A cada dia que passa mais e mais fatores estarão complicando nossos céus, provocando confusões e enganos. Parte dos corpos que circulam ao redor do mundo são meros calhaus espaciais, como peças de equipamento e destroços de corpos arrebentados.

Algumas das explosões registradas são perfeitamente identificáveis, pois é público que a Rússia propositalmente costuma destruir seus próprios aparelhos, como fez com algumas estações da série Salyut, que eram equipadas com instrumental útil. Outras explosões só podem ser atribuídas a choques entre satélites, pois que, por exemplo, grande parte deles descreve órbita relativa à região polar, para não sofrerem tanto a ação de correntes magnéticas e do cinturão de Van Allen.

Certos corpos mais importantes, pelo custo e destinação, que explodiram, tiveram sua destruição mais notável, como o Skylab, o Cosmos
1402, o Cosmos 1275, o Explorer 36, o Cosmos 954
e o Pageus. Quando não são estilhaçados por colisão ou destruição provocada, sofrem avarias e, perdendo força, não conseguindo manter-se em órbita, precipitam-se na atmosfera, partindo-se na reentrada em dezenas de pedaços.

Este é outro fenômeno que pode surpreender numa noite escura e estrelada, causando confusão com UFOs. Após bater na massa de ar, o satélite perde velocidade e se fragmenta, bombardeando o solo. Se alguém teve oportunidade de testemunhar a reentrada da atmosfera de um aparelho como o Cosmo
1402, deve ter observado um espetáculo digno de registro, pois ele tinha 14 m de comprimento. Usava um reator nuclear de propulsão, abastecido com carga de 45 kg de urânio.




Órbitas e observações
Em termos vulgares, velocidade angular é a relativa ao ponto de observação. Os satélites de órbitas próximas (cerca de
200 km de altitude) apresentam a mesma velocidade angular de um avião voando a grande altitude. Nesses casos fica mais difícil distinguir um do outro, mas muito raramente não conseguiremos notar a luz piscante do avião, mormente se estivermos munidos de um modesto binóculo.

Aqui uma sugestão é cabível: sempre que acompanharmos a trajetória de um ponto de luz, procuremos observar a sua passagem no espaço zênite ou à nossa frente. Em se tratando de avião, seguramente notaremos sua luz característica. Os intervalos entre as piscadas são quase regulares.

Não confundir, entretanto, com uma nítida variação de brilho nos satélites, que pode ser registrada. Certos artefatos oscilam sua luminosidade, principalmente quando são alongados e giram em torno do próprio eixo. Porém o problema de órbita é a chave do nosso estudo.

Inicialmente, a velocidade de vôo de um satélite para a órbita é impressa de modo que a força centrífuga seja exatamente igual à força gravitacional (atração) do planeta. Se por acaso um corpo fosse colocado a pouca altura de vôo, conseguiria dar a volta ao mundo em uma hora,
24 minutos e 25 segundos a uma velocidade de 7,91 km /segundo, mas na prática não completaria sua volta em virtude da resistência do ar. Para que um satélite complete uma volta ao redor do mundo, deve ser colocado em órbita de no mínimo 160 km de altitude, a partir do que a resistência do ar torna-se cada vez menos forte até que a última camada da atmosfera seja ultrapassada.



Dependendo da área de superfície a ser coberta, os satélites são colocados estrategicamente em altitude e rota predeterminadas. Tais rotas podem ser modificadas se os artefatos contarem com um foguete próprio que os impulsione para a direção da órbita desejada.

O primeiro ponto a ser levado em conta, de maiores possibilidades de observação, é que os habitantes de regiões limítrofes ao equador são mais privilegiados. Isso porque, existindo em maior número e voando a altitudes mais baixas, portanto sendo mais brilhantes, os satélites de comunicação são postos numa órbita sobre o equador.

Nesses casos a órbita descrita é quase sempre arredondada, observando-se que o aparelho é de relativa baixa altitude. Fácil, pois situados em um ponto fixo de período de observação constante, podemos sempre a mesma hora da noite registrar a passagem de um satélite, num mesmo sítio.

Quase nunca veremos satélites antes do pôr-do-Sol, já que nossa estrela faz incidir seus raios à nossa vista, causando o azulado e a clareza do céu diurno, cortando as condições de observação do espaço, tornando a atmosfera opaca. Lembramos, no entanto, que as noites são mais curtas no hemisfério sul, no início do verão,
21 de dezembro. A partir de 20 de março, os dias e as noites têm igual duração. As noites são mais longas que os dias a partir de 21 de junho. Assim é no Brasil, estando nós no chamado solstício.



Os raios solares não atingem o pólo sul e é sempre dia no pólo norte. Daí a razão da longevidade das noites em países como o Brasil, situados na banda sul do globo. A duração do dia e da noite torna a ser idêntica em 22 de setembro quando o sol volta a atingir o equador.

É o equinócio e o início da primavera no hemisfério sul. Quanto à duração do dia e da noite, as considerações acima foram descritas apenas para escolha de épocas mais propícias à vigília. Ora, dia por dia, devemos observar cálculos astronômicos, que aqui não são cabíveis.

O fato é que poderemos ver mais satélites nos dias de noites mais longas. Em resumo e empiricamente: no verão, o dia tem mais de 12 horas e a noite menos de 12 horas. No inverno, o dia tem menos de 12 horas e a noite dura mais que 12 horas. Voltando ao problema das órbitas, outros satélites não as descrevem circulares, mas alongadas, elipsoidais, dependendo da velocidade de impulso.

À medida que essa velocidade difere quando do lançamento, a órbita pode ser mais ou menos alongada. Nessa situação, até um limite de velocidade para que não ocorra o escape, em períodos constantes do mês o satélite será mais visível em uma região fixa, menos visível em outras - à medida que a elipse abre - e invisível nas demais.

Podemos imaginar melhor, considerando a figura abaixo, quando em A temos o perigeu (ponto mais baixo, próximo da Terra) e em B o apogeu (ponto mais alto ou distante da Terra). Visualmente notamos por vezes nítida diferença de velocidade aparente (ou angular) dos satélites.

Satélite nosso que estás nos céus.‏ IV

CLIQUE NA IMAGEM
PARA VÊ-LA MAIOR
Ponto mais próximo e mais distante da Terra


Comparando-se a força gravitacional do planeta com a força centrífuga obtida pela velocidade, quanto mais distante ele voar menor será a velocidade exigida para que se mantenha em órbita. A velocidade a ser imprimida depende portanto da altura do vôo e não da massa do artefato.

Conclusão: os satélites que observamos mais rápidos estão mais baixos que os mais vagarosos. Ocorre que o tamanho e o brilho influem no nosso registro visual, daí em certas ocasiões julgarmos que um ponto de luz quase imperceptível e rápido está mais alto do que o outro mais brilhante e grande, quando na verdade dá-se o inverso. Alguns exemplos de órbitas circulares:


Altitude (+ ou -) Velocidade aproximada
220 km 7,8 km/seg.
1000 km 7,4 km/seg.
10.000 km 4,9 km/seg.



Outro engano que sempre ocorre nos meios ufológicos é o de que nenhum satélite pode voar em sentido contrário ao de rotação da Terra. Mas isso é possível. Nem todos os satélites seguem o sentido de trajetória leste para oeste. Para entendermos o porquê, devemos aproveitar e ver outros tipos de órbita: o plano orbital desses artefatos forma ângulos com o plano do equador.

Tais ângulos determinam a inclinação da órbita. Coincidindo ambos os planos (portanto de ângulo de inclinação zero), o satélite está traçando uma trajetória equatorial. Se o ângulo de inclinação é de 90º, está voando em trajetória polar, sobrevoando ambos os pólos terrestres.

Se certos satélites são disparados com trajetória de ângulo de inclinação superior a 90º, movem-se em sentido contrário à rotação da Terra. Vamos vê-los aparecendo a oeste e desaparecendo a leste. Isso se chama, em Astronáutica, trajetória retrógrada. Mais duas órbitas "exóticas" interessam ao ufólogo, pois o leigo não sabe o que ocorre.

Se pudéssemos notar visualmente um satélite situado a 35.800 km de altitude, o seu período orbital seria de 23 horas e 56 minutos, ou seja, a duração média de um dia, que é o período de rotação da Terra. Assim o satélite giraria na mesma velocidade em que a Terra gira sobre seu eixo, apenas mantendo-se em grau de latitude.

O observador, em solo, iria vê-lo descrevendo um oito no céu, tanto mais alongado quanto maior fosse seu plano de inclinação ao plano do equador, o oito ficaria reduzido a um ponto. Virtualmente o satélite será fixo, latitude e longitudinalmente. Sempre estará "parado" no mesmo ponto. É o conhecido satélite estacionário. E não é planeta, nem estrela ou sequer um UFO.


Movimento nos céus
À nossa vista, tudo lá em cima se move. O movimento aparente se dá devido à rotação da Terra e do trajeto que nosso planeta desenvolve no espaço, acompanhando o Sol ao redor dele. Além dos meteoros e bólidos, acabamos por nos acostumar à observação de tal modo que notamos nitidamente a rota que certo astro descreve desde que surge, sobretudo se tomamos outros como pontos de referência.

Já que falamos em rotas de satélites, devemos discutir rapidamente a base disso: a rotação da Terra. O movimento das estrelas, à noite, dito aparente, é notado de leste para oeste, dessa forma "retrógrado" ao de rotação do mundo. A rotação acontece de oeste para leste, sobre o próprio eixo.

Devido à rotação, o pólo celeste sempre se desloca relativamente às estrelas, ao contrário da invariabilidade das direções dos pontos cardeais no horizonte. Daí a posição dos astros no céu varia, mormente porque devemos levar em conta que o eixo da Terra se movimenta, o que podemos visualizar se imaginarmos que ele desenha, por sem movimento, um cone ondulado.

Esse eixo também se move relativamente ao próprio globo terrestre - daí as mudanças, no espaço, das posições dos pólos. Finalmente, a velocidade com a Terra varia irregularmente. Assim temos condições, para efeito de registro, de notar passagens de satélites de acordo com pontos cardeais e direção.

Uma boa sugestão é o procedimento que de há muito adotamos. Ao perceber a passagem de um satélite, o pesquisador deve anotar o horário e a trajetória. Facilita muito a comparação, se pudermos posicionar o artefato relativamente aos astros.

Desde o momento que surge, a direção em que segue (principalmente se passar por uma constelação que o leigo conhecer) e o momento e posição em que desapareceu. Podemos nos munir de cartas estelares fartamente encontráveis em quaisquer livrarias e na Internet.

Elas dão a posição dos astros dia a dia, por todo um ano. Demonstram-nos o movimento aparente deles, aqueles que são visíveis ou não, conforme períodos. Por vezes são acompanhadas de efemérides que nos interessam, como previsões de chuvas de meteoros.

Através delas conseguiremos traçar a rota de satélites, com base na posição dos astros e na direção das constelações. Evidente que não possuímos sempre às mãos os meios para anotar invariavelmente qual satélite foi visto e de prever a trajetória de todos eles.

Para os mais exigentes existem tabelas de posições dos satélites em seus giros orbitais, para os pilotos que utilizam o sistema de navegação por satélites. Se o ufólogo tiver condições e conhecimento para tal, tais tabelas são elaboráveis com antecedência, por previsão matemática.

Como se vê, nesses aspectos a coisa muito se complica. Afinal, as velocidades de satélites são significativas para que eles se desloquem consideravelmente em um milésimo de segundo. Se escolhermos por determinar a posição do satélite de maneira mais segura tecnicamente, vamos depender de alguns fatores, a posição é dada pelas estações de rastreamento, dependendo de técnicas de cálculo, dos níveis dos imprevisíveis efeitos que influem no comportamento do artefato, como desvio ocasionado pela fricção do ar (em caso dos que voam a baixa altitude) etc. Mas, dependendo das possibilidades de cada um, tudo se move no espaço.


Satélites, a todo instante?
Em boas condições de observação, ou seja, céu sem nuvens e sem Lua, sempre temos chance de testemunhar as trajetórias dos satélites, mas há uma espécie de limite de horário. E, esse sim, talvez seja o trunfo que nos sobre para, pelo menos com boa margem de probabilidade, sabemos se estamos ou não avistando um UFO.

Outro conceito astronômico vem nos oferecer a base de procedimento para a distinção que desejamos: ocorre um efeito provocado pela Terra e pelo Sol, quando um grande objeto é iluminado por outro grande objeto, então formam-se posteriormente ao corpo iluminado duas áreas, no espaço – o chamado cone de sombra, extensão que não recebe nenhuma luz da fonte.

É óbvio, a fonte de luz é o Sol (estrela de luz própria) e o corpo escuro iluminado é a Terra; e o conhecido cone de penumbra, que recebe pouca luz, apenas de alguns pontos da fonte luminosa. Consequentemente, na superfície da Terra que pertence à parte não iluminada, temos a região de sombra própria e na superfície cujos raios são fracos, pouco iluminada, temos a região de penumbra própria.

São essas duas regiões que os satélites penetram ao voar em torno da Terra. Ao penetrar no cone de penumbra, o artefato recebe pouca luz para refletir e o efeito no espaço, é como se fosse diminuindo a luminosidade, até se "apagar" em plena rota, quando passa para o sítio espacial totalmente desprovido de luz, o cone de sombra, a sombra total da Terra.

Durante a noite, vemos satélites mais ou menos brilhantes, dependendo do tamanho e altitude. Não seria necessário frisar que se são visíveis é porque refletem luz solar, mesmo à noite. Devido à órbita, estarão refletindo os raios do Sol nas primeiras horas da noite, pois que o observador estará na região de penumbra (superfície de imperceptível penetração da luz solar). À medida que o artefato se dirige para o cone de sombra, desaparece.


Já vimos que as direções de órbitas são variadas. Assim é que se a linha da rota não passar pelo cone de sombra, veremos o aparelho varar de um horizonte a outro. Se a linha de rota coincidir com a eclíptica, não notaremos o satélite. Em resumo, a observação do satélite só é possível em virtude do cone de penumbra, para nós que estivermos em certos horários situados na região de penumbra.

O maior brilho deve-se também à luz difundida na atmosfera da Terra, que incide sobre eles. Claro que esses fatores não limitariam nossa observação para objetos de enormes proporções, de grande poder de reflexão, que se situassem em órbitas extremamente elevadas.

Nessa hipótese consideraríamos os mesmos fenômenos que nos permitem observar a Lua independentemente da hora da noite. Porém os objetos que nos sobrevoam não são tão grandes. Melhor entendendo, vemos satélites de proporção considerável situados em órbitas de até mais ou menos
1.000 km de altitude e satélites pequenos, voando a mais ou menos 200 km.

Devemos sempre considerar nossa entrada na região de penumbra e na região de sombra quando cai a noite. Em horários de noite mais adentro, estaremos na região de sombra, e o cone de sombra no espaço impedirá a reflexão da luz solar pelo satélite e não o veremos, em virtude das baixas órbitas, que nos limitam de observá-los.

Óbvio, à medida que a região de penumbra se afasta de nós quando nossa posição adentra a de sombra, o ângulo do cone de penumbra se vai abrindo e a região do espaço que ele cobre é tanto mais fechada quanto mais próxima da superfície. Os objetos próximos (satélites) estão mais sujeitos a ser apanhados pela penumbra e pela sombra ao passo que os mais distantes ou não penetram em nenhum dos cones, refletindo luz durante boa parte da noite, ou mesmo que penetrem serão avistados até horários mais tardios (Lua, por exemplo).

Há dessa forma um limite de horário a partir do qual não veremos comumente satélites. A alternância do dia e da noite, portanto a duração de cada um - mais da noite, que nos interessa - é, em astronomia, medida de tempo solar. O dia verdadeiro é registrado a partir de meia-noite, zero-hora.

Tomemos para exemplo o período de verão, quando as noites são mais curtas: já notamos que na primavera e no verão o dia tem mais de
12 horas e a noite menos de 12
horas. No inverno e no outono dá-se o contrário. Durante os dias de verão, o Sol nasce muito cedo e se põe tarde.

Geralmente nasce por volta de
05h30 e põe-se mais ou menos às 18h30
. Lembrando-nos das considerações acerca das órbitas e tamanhos dos satélites observáveis, a partir do instante que nossa posição se transformar em região de penumbra, as estrelas aparecerão e o tempo ficará escuro; já poderemos esperar os satélites.

Durará cerca de duas horas e meia até que nos situemos em região de sombra. Daí por diante não mais veremos os satélites observáveis. Nos dias de primavera e verão, nossas possibilidades estender-se-ão até perto das
21h00. No inverno, durando a noite mais de 12 horas, o Sol nasce cerca de 06h30 e se põe por volta de 17h30. Com o mesmo raciocínio anterior, poderemos ver satélites até próximo das
20h00.

Satélite nosso que estás nos céus.‏ V

Reflexo de um satélite Iridium (E).
Imagem de UFO flagrado em vigília


Informações complementares

Para aqueles que costumam permanecer de vigília até que o Sol volte a raiar, é bom lembrar que o dia começa à meia-noite, zero-hora. Tudo volta a pesar com a mesma média de tempo antes do Sol nascer, quando voltaremos a vislumbrar satélites até que a claridade volte a ofuscar o espaço.


O fato é que os satélites são eclipsados, e dependendo da altitude, capacidade de reflexão, órbita e tamanho, sofrem os mesmos efeitos visuais dos astros. Referimo-nos, por exemplo, à Lua. Os eclipses lunares nos dão maior clareza de entendimento, pois a Lua está sujeita à incidência dos cones.

Caso a órbita da Lua corresse no mesmo plano da Terra haveria eclipses amiúde. Ocorre que a Lua e a Terra têm suas órbitas em planos inclinados, daí mesmo em conjunção (mesmo plano em linha reta entre a Terra e o Sol) passa pouco abaixo ou pouco acima do Sol.

Identicamente, quando a Lua está em posição, não entra no cone de sombra, mas passa abaixo ou acima dele, sendo sempre visível sem escurecer. Aos que não entenderam o porquê de não vermos satélites quando eles mergulham no cone de sombra, devemos informar que, durante os eclipses, a Lua pode levar até duas horas para sair do mesmo cone, cujo diâmetro lhe é bem superior. Outra dúvida restaria ao tratarmos dos tipos de órbitas desenvolvidas por satélites.


Não nos referimos às órbitas sincrônicas com o Sol. Tais trajetórias, estabelecidas com o máximo de precisão exigida, evitam que o artefato entre no cone de sombra. Ele sempre estará iluminado pelo Sol, mas a nossa posição geográfica, quando se tornar região de sombra, já estará longe do aparelho e não o veremos em virtude da distância, ou seja, o seu brilho não chegará até nós.

Os satélites mais visíveis, em virtude do seu poder de reflexão, são os construídos com uma espécie de plástico metalizado, semelhante ao dos balões de estratosfera. São infláveis e têm quase a mesma função de balões científicos de estudo atmosférico a altitudes elevadas.

Alguns bem famosos assustaram muita gente à noite, como os da série Echo, de dimensões incríveis, com cerca de
40 m de diâmetro. Ao lado da série Telstar se constituíram bons pontos de observação visual, apesar de relativamente pequenos. Não podemos deixar de citar, igualmente, os satélites Iridium, em órbita a 800 km de altitude, que se apresentam como uma luz que surge no espaço, ficando cada vez mais intensa enquanto se move lentamente, até que supera o brilho de todas as outras estrelas do céu.

É surpreendente e confunde muito com um UFO genuíno, mas tudo se desfaz na mesma velocidade com que surgiu, em alguns segundos. Trata-se de uma antena que reflete a luz do Sol direto para a Terra, criando um foco de luz com 10 km de diâmetro.


Iridium, satélite de reflexos solares surpreendentes


Crédito da foto: Paulo Anibal e arquivo UFO
http://www.ufo.com.br/index.php?arquivo=notComp.php&id=4130




Resolvido mistério sobre sumiço de asteróides em cinturão‏.

O Cinturão Principal de Asteróides do Sistema Solar
se localiza entre Marte e Júpiter


EFE

Cientistas conseguiram resolver o mistério do desaparecimento de asteróides do Cinturão Principal do Sistema Solar - zona espacial com forma semelhante a um anel, situada entre Marte e Júpiter -, segundo um estudo divulgado nesta quarta-feira na revista científica britânica Nature.

De acordo com pesquisadores da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, a migração de Júpiter e Saturno para as órbitas conhecidas atualmente, algo que durou cerca de quatro milhões de anos, é a culpada por determinadas zonas do cinturão de asteróides carecer destes corpos cósmicos. As informações são do diário mexicano El Informador.

O anel que dá forma ao cinturão - sem composição uniforme - possui zonas determinadas em que a densidade dos asteróides é muito menor, conhecida como buracos de Kirkwood. Estas aberturas são instáveis e sofrem grande influência gravitacional de Júpiter. Por outro lado, o efeito faz com que Saturno seja o responsável por expulsar os asteróides, explicou a pesquisa.

Os especialistas acreditam que os buracos estejam relacionados com ressonâncias orbitais desses planetas gigantes. Perdidos nessas localizações, os asteróides acabam ficando com órbitas caóticas e saindo do cinturão. No entanto, outros buracos semelhantes no cinturão são estáveis e o asteróides não seguem o mesmo caminho dos "fujões".

Por muito tempo, os cientistas tentaram explicar essas diferenças sem êxito. Para o estudo americano, a baixa densidade dos locais estáveis é o resultado da migração de Júpiter e Saturno para as órbitas conhecidas atualmente. A mudança gravitacional dos planetas provocou pontos de instabilidade no cinturão.
http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI3599010-EI238,00-Resolvido+misterio+sobre+sumico+de+asteroides+em+cinturao.html

NASA divulga imagens de crateras e nevoeiro em Marte

Missão espacial Dawn fotografou imagens de crateras
cercadas de névoa na superfície de Marte. NASA/Divulgação
Redação Terra
Formações rochosas em forma de crateras na superfície de Marte foram detectadas pelo pelas câmeras da missão Dawn, aparato que integra a missão de exploração espacial homônima, informou nesta quinta-feira a Agência Espacial Americana (NASA), que divulgou as imagens.

As imagens de infravermelho foram feitas do ponto de maior aproximação da nave com aquele planeta e mostram uma série de crateras na região noroeste de Marte (com relação à posição da Terra). Na imagem, a escarpa do planalto marciano aparece iluminada pela luz do amanhecer com vestígios de nevoeiro na parte inferior. A área coberta pelo registro a imagem tem cerca de
55 km (34
milhas) de diâmetro.

Gerida pela NASA, a missão Dawn foi construída pelo Instituto Max Planck para a Investigação do Sistema Solar, da Alemanha, em parceria com o Centro Aeroespacial Alemão.

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